Quem contou pela primeira vez a história do gigante Gulliver que desembarca em Lilipute foi Jonatham Swift, decano da catedral de Dublin nos primeiros anos do século 18. Jonathan Coe, apesar de xará do decano, não tem nada a ver com ele. Nasceu quase 300 anos depois, na mesma Irlanda, mas nunca foi decano de catedral nenhuma e sempre morreu de vontade de escrever algo tão bom quanto Viagens de Gulliver, publicado por Swift em 1726. Muitos escritores gostariam de ser capazes de reproduzir a magia que repousa nas linhas sobre o gigante bonzinho que visita Lilipute, mas Coe teve uma sorte danada. Ele foi escolhido pelo projeto Save the Story, coordenado pelo escritor italiano Alessandro Baricco, para reescrever a história de Gulliver e o resultado acaba de desembarcar nas livrarias brasileiras. Umberto Eco é o parceiro de Coe nessa primeira leva da empreitada de Baricco. Ele assina o segundo livro do projeto, logo após Alessandro Manzoni, na verdade o autor original de Os noivos, uma história triste sobre amantes que querem se casar, mas que são impedidos por um senhor poderoso e apaixonado pela mocinha.
O projeto Save the Story nasceu dentro da Scuola Holden, uma escola de contação de histórias em Turim, na Itália. A ideia é não deixar os clássicos infanto-juvenis morrerem e trazê-los para o século 21 pela escrita de autores contemporâneos. ;É uma forma de, literalmente, ;salvar; uma grande história, guardá-la, uma maneira de aproximar os jovens dos clássicos da literatura mundial;, explica Ana Lima, editora da Galera Record. Cada edição traz um nome reconhecido da literatura no mundo inteiro acompanhado de um ilustrador de renome. No caso de A história de Gulliver, a italiana Sara Oddi assina as ilustrações. Marco Lorenzetti é o responsável por dar cara aos noivos na versão de Eco. O divertido da série é acompanhar como escritores sérios e cultuados de literatura para adultos lidam com a linguagem infanto-juvenil e se reinventam para chegar a um público diferente.
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