Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Livro organizado por Richard Zenith reúne cartas de Pessoa e Ofélia Queiroz

Pelas correspondências, é possível perceber que o poeta esteve muito empolgado no início, porém depois começou a se mostrar pouco comprometido com Ofélia



[SAIBAMAIS]As cartas, escritas antes de o poeta dizer pela boca de Álvaro de Campos que ;todas as cartas de amor são ridículas;, sugerem que Fernando Pessoa queria ser romântico ;ridículo; e apaixonado, mas não conseguia. Mesmo disposto a se corresponder por meio de cartas de amor, ele acabou se apresentando avesso a qualquer tipo de entrega que não fosse à literatura.

Como pesquisador, o que as cartas te mostraram de novo sobre ele?


Revelam vários pormenores sobre a vida quotidiana de Pessoa durante as duas fases do namoro: o ziguezague entre os vários escritórios onde trabalhava como redator de cartas, os cafés e os amigos que frequentava, as relações dele com a família, os seus vícios como o tabaco e a bebida alcoólica, que muito preocupavam Ofélia. As cartas inéditas agora publicadas tornam muito mais nítido o percurso do próprio namoro e da presença constante nele de Álvaro de Campos. Ao que parece, Pessoa usava esse heterônimo para manter uma distância de Ofélia.

As cartas foram escritas antes do poeta dizer, pela boca de Álvaro de Campos, que "todas as cartas de amor são ridículas". Pode-se dizer que existiu um Fernando Pessoa romântico e "ridículo" e apaixonado?

A sua relação com Ofélia, tal como é documentada pelas cartas, sugere que FP queria ser romântico, "ridículo" e apaixonado, mas não conseguia. Não se entregava nem a Ofélia, nem a nada ; apenas à literatura.

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