Brasília surpreendeu a francesa. ;Não imaginei nada parecido com isso. Eu tinha uma imagem muito convencional da América Latina. A cidade, entretanto, foge desse imaginário. É distinta, em todos os aspectos: na arquitetura, nos espaços e na luz. O que correspondeu foi a cordialidade e o calor humano, além da gentileza das pessoas;, comenta. Mais uma experiência forte, para o currículo de quase 90 produções no audiovisual da atriz forjada pelas visões agudas de diretores como Jean-Pierre Vincent e Patrice Chéreau, que ;na geração deles, tornaram-se os mais projetados na França;. ;Graças a ambos, descobri a arte, a literatura, a política, a pintura e a música: tudo isso foi a minha universidade;, avalia.
Como tem sido a reação dos idosos à Uma primavera com minha mãe? Como o filme dialoga com o sucesso de Amor, outro detido na rara exploração de personagens mais vividos?
Recebo um retorno muito emocionado, com relação ao público da minha geração. Tocados, eles se sentem envolvidos e nada chocados. Exceto no que concerne ao suicídio assistido, algo proibido e sempre muito debatido na França. As pessoas contrárias levantaram bandeiras. Foram reações da extrema direita de quem, por exemplo, é contra o casamento gay na França. Todos muito conservadores. Majoritariamente, a resposta foi positiva. A coincidência quase simultânea de lançamento do nosso filme e de Amor criou uma confusão: deu a impressão de que tinham temáticas muito próximas, quando, na verdade, são diametralmente opostos, em termos de posição com o tema. Haneke é muito mais conhecido, e ficamos algo eclipsados. Amor prejudicou, em parte, o Uma primavera com minha mãe. Mas amo o filme.