São quase 200 anos de tradição. A Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis (GO), localizada a 150 km de Brasília, é patrimônio cultural brasileiro e uma das maiores e mais antigas manifestações populares do Centro-Oeste. A comemoração religiosa, que começa no próximo domingo, é realizada desde 1826 e encena em um grande palco medieval a guerra do século 8, travada entre os mouros e os cristãos. O teatro a céu aberto é uma reprodução da dinastia de Carlos Magno e seu exército, que tinham a missão de catequizar todos os que não eram fiéis à igreja católica.
Incorporada ao folclore, durante séculos, a história do rei Magno era atração nas vozes dos trovadores e, somente no século 18, em Portugal, ela foi instituída como uma festividade, aos modos de uma representação dramática. De acordo com o pesquisador pirenopolino, Adelmo de Carvalho, autor do livro Coletânea de Pirenópolis. Segundo ele, a cidade goiana foi uma das primeiras a receber as Cavalhadas no Brasil. ;Meia Ponte, como Pirenópolis era chamada, foi habitada por portugueses na época do ciclo do ouro, em meados do século 18. A festa encenada foi trazida pelo padre Manuel Amâncio da Luz e tinha objetivo de celebrar o catolicismo. Tempos depois, as Cavalhadas foram incorporadas à festa em homenagem ao Divino Espírito Santo;, explica.
A beleza do espetáculo e seu peso cultural se perpetuaram. A encenação conta com lanças afiadas, garruchas de pólvora, texto teatral e músicas instrumentais. Num grande campo de batalha: de um lado, 12 cavaleiros cristãos vestidos de azul, e do outro, 12 cavaleiros mouros, vestidos de vermelho. O teatro das Cavalhadas dura três dias. No fim, os mouros perdem a guerra, são catequizados e batizados pelos cristãos.