"O grande Gatsby" é uma adaptação do famoso romance de Francis Scott Fitzgerald. O escritor utilizou o caráter de Gatsby, assim como sua riqueza tão fabulosa quanto misteriosa, para descrever a América do Norte dos anos 20 e sua arrogante prosperidade, que já apresentava as sementes do declínio.
A crítica americana tem sido, por vezes, negativa em relação ao filme, lançado poucos dias antes do Festival. O australiano Luhrmann rejeitou as críticas, observando que "quando Fitzgerald escreveu este livro, ele foi tratado como um palhaço".
"Gatsby" estreou muito bem, com mais de 50 milhões de dólares em receitas apenas no primeiro fim de semana de exibição nos Estados Unidos. O júri presidido por Steven Spielberg foi apresentado em uma coletiva de imprensa, como manda a tradição, antes de se calar até a cerimônia de encerramento, em 26 de maio, e o anúncio das premiações.
Os diretores Ang Lee e Cristian Mungiu explicaram que buscarão a "honestidade" do diretor nos filmes em competição, enquanto Spielberg se disse contente em estar no centro de "duas semanas de celebração do cinema e não de duas semanas de competição".
Nicole Kidman, elegante em um vestido preto decotado, disse que estava feliz por, pela primeira vez, "poder finalmente vivenciar as duas semanas" do festival, algo quase impossível para um ator ou diretor apresentando um filme.
Caberá à atriz francesa Audrey Tautou, conhecida em todo o mundo por seu papel como "Amelie Poulain", a honra de conduzir as cerimônias de abertura e encerramento.
Histórias íntimas
La Croisette continuará em festa com um jantar oficial, logo após a exibição para convidados de "O grande Gatsby", seguido por uma queima de fogos à meia-noite organizada pela distribuidora americana do filme.
O evento começa a ficar sério na quinta-feira com a exibição dos dois primeiros filmes em competição: "Jeune et jolie", do francês François Ozon, e "Heli", do mexicano Amat Escalante. No total, 20 filmes competem, mais focados em histórias íntimas do que em questões políticas, como nos anos anteriores.
Já coroados em Cannes, os americanos Steven Soderbergh e os irmãos Coen assim como o franco-polonês Roman Polanski vão enfrentar outros talentos novos ou já consagrados: o diretor dinamarquês Nicolas Winding Refn ("Only God forgives", com Ryan Gosling), o americano James Gray ("The immigrant", com Marion Cotillard), o iraniano Asghar Farhadi ("Le passé", com Berenice Bejo e Tahar Rahim), ou o franco-tunisiano Abdellatif Kechiche ("La vie D;Ad;le" com Léa Seydoux).
Cannes não se resume a esta competição, outras mostras paralelas também abrirão suas portas quinta-feira como a "Um Certo Olhar", na qual americana Sofia Coppola vai apresentar o seu mais recente filme, "The Ring Bling", com Emma Watson.
A diretora do Festival do Rio, Ilda Santiago, fará parte do júri dessa mostra. A atriz americana Robin Wright estará na última obra de Ari Folman, "The Congress", filme semi-realista, semi-animação, que abrirá a Quinzena dos Realizadores, uma seção paralela do festival. Já a Semana da Crítica será aberta com "Suzanne", o segundo filme da francesa Katell Quillévéré.
Cannes também é o maior mercado do mundo do cinema, com cerca de um bilhão de dólares em vendas no ano passado, e mais de 10.000 participantes de mais de cem países. Para o responsável por esse setor do evento, Jerome Paillard, "não há crise".
"Todas as nossas luzes são verdes", disse ele à AFP, citando "um aumento na frequência de 5 a 6% e um aumento de cerca de 20% no número de filmes apresentados, mais de 5.000".