Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Com estreia sexta, Somos tão jovens traça retrato vigoroso de Renato Russo

O cineasta Antônio Carlos da Fontoura não queria um filme triste sobre uma pessoa doente

Em entrevista ao Correio, quatro meses antes de morrer (em 1996), Renato Russo fez uma análise concisa da adolescência, já distanciado do período de hormônios efervescentes e de grandes descobertas da vida: ;Alívio;. Juventude rimava com dificuldade. Num contrapeso, à frente da superprodução Somos tão jovens, o cineasta Antônio Carlos da Fontoura estava decidido a conservar o frescor, isento da percepção quase melancólica do astro do rock nacional, morto aos 36 anos: ;Não queria fazer um filme triste sobre uma pessoa doente;. Nessa outra vibração, o reverso ; de celebração exagerada de um mito, despontado no grupo Aborto Elétrico ; também poderia dar margem à armadilha. ;Eles (Renato, Fê e Flávio Lemos) não eram os reis do rock, eram moleques fazendo banda de garagem;, sublinha o diretor do filme, que chegará às telas na sexta-feira.


Indissociável ao sucesso da Legião Urbana, uma cinebiografia de Renato Russo daria margem também à overdose de glórias. ;Eu podia fazer o filme do roqueiro famoso, viajando de avião e dando show pra 1 milhão de pessoas. Não quis fazer isso. Quis fazer como o Júnior criou o Renato Russo e como Brasília criou ele;, delimita. Lidar com o peso de um futuro ídolo ; à frente de multidão de admiradores ; contou com a habilidade e o bom senso do protagonista da fita, Thiago Mendonça. ;Preocupar-me com gestual ensaiado e com a legião de fãs, de modo anterior a meu trabalho, não seria saudável. Se ficasse muito preso a isso, eu ia medrar. Claro que foi uma responsabilidade muito grande, mas foi tudo muito natural. As entrevistas e os vídeos dele que vi foram organicamente absorvidos;, explica o ator.