Há menos de um mês, o GDF anunciou que passaria a Faculdade Dulcina para a sua responsabilidade, enchendo de esperança professores, com constantes atrasos nos salários; alunos, que vivem a incerteza de não poder concluir seus cursos, e todas as pessoas que de uma maneira ou de outra estão ligadas à escola.
As dívidas do passado, porém, continuarão a cargo da fundação, assim como a gestão do teatro e do acervo cultural, conforme explica o secretário-executivo da entidade, Augusto Brandão. "Toda a parte artística-cultural da fundação e outras atividades serão mantidas na fundação. O que a gente precisa é deixar de ter esse déficit operacional para que a gente tenha condição de reformar o teatro, dar visibilidade e criar o Museu do Teatro Brasileiro, contemplando o acervo de Dulcina, o acervo de B. de Paiva e outros atores. A distritalização é o começo de um processo para que a gente tenha condições de atuar como se deve em outras áreas."
Pagamento das mensalidades
A proposta de tornar pública a Faculdade de Artes Dulcina de Moraes fez com que alguns alunos deixassem de pagar as mensalidades, agravando ainda mais a crise financeira da instituição. Segundo Augusto Brandão, a inadimplência nos primeiros três meses do ano chega a R$ 45 mil, o equivalente a um terço da arrecadação com os cerca de 200 alunos da faculdade.
A deputada Erika Kokay (PT-DF) pretende recorrer ao Ministério da Cultura e a instituições financeiras públicas para buscar mais ajuda. "A preservação do teatro, do complexo cultural, da própria faculdade Dulcina diz respeito à cidade, a Brasília. O tombamento é um reconhecimento da importância, mas ela diz respeito ao Brasil. Brasília não é apenas a hospedeira do governo federal, é a capital da República."
Projetado por Oscar Niemeyer, o Teatro Dulcina foi tombado como patrimônio cultural do Distrito Federal em 2008, assim como os acervos fotográficos, cênicos e de textos da atriz.
A Fundação Brasileira de Teatro foi fundada em 1955, no Rio de Janeiro, por Dulcina de Moraes, uma das maiores atrizes do teatro brasileiro, e trazida para Brasília no início da década de 70, onde ocupa até hoje uma área no shopping Conic.