Ela faz parte do elenco fixo do canal do YouTube Porta dos Fundos, programa de humor acolhido aos risos por internautas - já são mais de 205 milhões de visualizações dos mais de 80 vídeos. Já assinou roteiros como Corte de gastos e Essa é para você. A reverência na web é mais um passo de sucesso na arte da interpretação - prática iniciada aos 12 anos com atuações em peça infantil. Em 2008, fez a primeira aparição na TV em A Favorita, da Globo.
Cantora e compositora, brilhou na web em vídeos onde aparece com violão e entoa músicas autorais. É outra faceta de quem lançou EP no fim de 2012 e, agora, coloca no iTunes o primeiro CD da carreira, Monomania (em 30 de abril). A turnê de divulgação passa pelo Recife, cidade visitada por ela com frequência para rever familares. ;É um dos lugares mais prolífico de cultura, onde mais se cria coisa boa;, observa.
Você se acha comediante?
Acho que não. Faço muita coisa diferente, que fica difícil dizer ;sou; e me colocar numa caixinha. Exemplo: ;sou uma cantora, sou uma atriz;. A princípio, não me acho engraçada. O mais engraçado é quando a pessoa não tenta ser engraçada. As pessoas que acho mais engraçadas parecem não estar fazendo graça. Dos já consagrados, amo Pedro Cardoso, Luís Fernando Guimarães, Andrea Beltrão, Fernanda Torres. Da galera nova, tem: Marcelo Adnet, Dani Calabresa, Tatá Werneck e Fernando Caruso. O elenco do Porta dos Fundos é incrível.
Ser mulher atrapalha no humor?
Não. O principal do humor é não ter vaidade. Tem muita mulher por aí que não tem. Muita gente que diz que mulher não é engraçada. Acho uma bobagem. Existe essa pressão da mulher ser atraente, feminina. Acham que mulher sendo ridícula não é atraente. As mulheres não precisam estar lindas o tempo todo.
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O que acha do humor politicamente incorreto?
O importante é não perpetuar preconceitos. Não acho que existem assuntos foras de questão. Mas existem assuntos que não têm graça. Exemplo: ;português é burro; não é mais engraçado. Todo mundo já fala. Prefiro inversão de expectativa do que confirmação. O humor tem que surpreender.
Críticas te incomodam?
Já me incomodei mais. Quando lia algo, ficava mal. Ia para casa, chorava. Mas hoje venho tentando fazer exercício de prestar mais atenção nas pessoas que falam bem, do que as que falam mal.
Como é a rotatividade do elenco nos vídeos do Porta dos Fundos?
É bem aleatório. Depende de quem pode. Fabio (Porchat), por exemplo, passou um mês sem gravar. Quanto à escalação, tem alguns papéis que não me encaixo bem, que a Letícia (Lima) ou Júlia (Rabello) combinam mais. Quanto aos roteiros, eu tenho dificuldade de pensar em esquetes. Tenho facilidade de escrever cenas inseridas no texto, mas dificuldade de dizer ideias curtas. Eles são muito bons nisso.
Tem muita gente se aventurando na internet. Qual o segredo para ser diferente?
É um meio muito competitivo de qualidade. Faz sucesso o que o público quer que faça. É o que as pessoas compartilham. É fazer algo de qualidade. Em geral, dá certo. Óbvio que tem muita coisa que não foi descoberta.
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Você compõe e trata o amor com humor. Existe inspiração?
Acho que é o jeito que vejo as coisas. As coisas são engraçadas. Especialmente, pessoas apaixonadas são um pouco ridículas. É muito naturalmente. Inclusive tem algumas músicas que não queria que fossem engraçadas, mas as pessoas acham. Gosto muito desse assunto que envolve relacionamento, pessoas e amores.
Em alguns trabalhos, como no seriado O fantástico mundo de Gregório (Multishow), você interpreta a si própria. Como é a experiência?
Eu acho que a gente trata como um personagem mesmo. Até porque acho a Clarice do seriado diferente de mim em muitos aspectos. É um personagem que faz muita coisa que não faria, tipo o que ela fica preocupada com Gregório. Isso é um exagero dos exageros. Eu sou hipocondríaca, mas nunca chegaria a esse ponto. É uma brincadeira com a nossa personalidade.
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Na internet, fazem comparação entre Clarice e Mallu Magalhães. E você chegou até a brincar com isso no seriado. O que acha dessa associação?
As pessoas têm isso de categorizar as coisas. Principalmente, quando não conhecem. Uma menina cantando violão é outra Mallu Magalhaes. Encontram uma coisa que não tem categoria. Eu adoro ela. Mas acho muito diferente de mim. Até porque a Mallu é tão autoral, e eu também me acho autoral, que é muito difícil ser parecido.