O ano de 2013 será bom para o Museu Nacional da República. Inaugurado há seis anos sem uma coleção permanente, o museu tem agora um acervo que chega a 499 obras. Este ano, a instituição recebe duas doações importantes de trabalhos encarregados de ajudar a montar um mosaico da história da arte brasileira. Na reserva técnica do museu já estão as 25 pinturas da série Não matarás, doadas pelo publicitário José Zaragoza, um dos fundadores da agência de propaganda DPZ. Até o fim do semestre, a instituição recebe outra leva. Dessa vez, 15 pinturas e 15 desenhos de Elder Rocha, professor da Universidade de Brasília (UnB). ;Todas as doações dialogam com a coleção do museu porque é, fundamentalmente, uma coleção de arte contemporânea que conta uma história da arte brasileira;, comemora Wagner Barja, curador do Museu Nacional da República.
O próprio Zaragoza escolheu a instituição como depositária ideal de suas pinturas. O publicitário pintou Não matarás entre 1980 e 1983 para protestar contra a ditadura militar. Nascido há 83 anos em Barcelona, ele imigrou para o Brasil em 1952 porque temia o passado de guerras da Europa e não se encaixava na ditadura do general Francisco Franco. ;A Europa era insuportável;, lembra. ;Imagina, tinha Stálin, Hitler, Franco, Mussolini. E até hoje, veja a economia, é um desastre.; Impedido de cursar a Escola Superior de Belas Artes de Barcelona para prestar serviço militar no exército de Franco, Zaragoza decidiu deixar o país tão logo que encerrasse suas funções no quartel. E assim fez. Seis meses depois de terminar o serviço militar, estava em um navio rumo ao porto de Santos.