Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

'Uma história de amor e fúria' faz revisão crítica do passado do Brasil

Mais conhecido como roteirista, Luiz Bolognesi estreia na direção de longa-metragem

Ousadia e risco

Dificuldade foi conseguir recursos para longa-metragem de animação para adultos, com história ácida, sem final feliz. ;Pioneirismo, ousadia e inovação, para investidores, quer dizer risco. Uma palavra proibida para eles;, ironiza. Não se intimidou, porque ouviu as mesmas objeções a Bicho de sete cabeças, filme de Laís Bodanzky, com roteiro dele, que, contra a opinião de muitos, foi sucesso. ;Estou feliz por sentir que o filme traz reflexão. Cinema se torna importante quando transcende pequenas discussões e trata da vida das pessoas, do sentido da arte e da sociedade em que vivemos;, defende.

Temor que, devido à história, o filme só interessasse ao Brasil, está sendo dissipado por convites para mostras internacionais. ;Estou descobrindo que é filme muito brasileiro, mas universal;, observa o diretor. Já chegou convite para Amor e luta 2, mas Bolognesi prefere investigar outros caminhos.

Cineastas que ele admira: Ettore Scola e Stanley Kubrick. Os motivos: cinema de personagens e trânsito dos diretores por gêneros diferentes. Dos filmes brasileiros recentes, adorou O som ao redor, de Kleber Mendonça. ;Fiquei com a impressão de ser o melhor filme brasileiro desde a Hora da estrela e Bye, bye Brasil;, elogia.

Duas perguntas para Luiz Bolognesi

Como você vê a relação entre cinema e história?
Cinema e história, na minha opinião, combinam. Cinema, como já observaram filósofos e psicólogos, é o território do sonho. Possibilita sonhar o impossível: viajar no tempo. Um filme benfeito é viagem no tempo. Europa e os Estados Unidos têm produção enorme de filmes históricos. E onde estão os nossos filmes históricos? Temos um déficit, um vazio nesse setor.

Quem quiser ser roteirista o que deve fazer?
Oferecer-se como estagiário em produtora de filmes. Passei 10 anos da minha vida fazendo roteiros de vídeos institucionais, de curtas. Foi um aprendizado. O Brasil tem ótimos roteiristas, mas está faltando gente no setor. Quando você precisa estão todos trabalhando em algum projeto. A carência deve-se também à falta de escolas de cinemas. Roteiro, para mim, devia ser curso técnico. E, depois, na universidade, se faria graduação em dramaturgia.

Assista ao trailer:

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