Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Confira a entrevista com o mentor do personagem Cartiê Bressão

Correio Braziliense ; Você pode se apresentar?

Pedro Garcia ; Pedro Garcia, 32 anos. Me formei em design, virei diretor de arte publicitário, fui embora do Rio aos 23 e voltei aos 31, depois abri uma empresa de crowdfunding de shows (Queremos.com.br)com quatro amigos e agora também sou fotógrafo amador e micro celebridade digital.


CB ; Então você é um típico carioca?

PG ; Eu me considero um típico carioca, principalmente pelo fato de ser apaixonado pelo Rio, coisa que eu já era, e ter morado fora oito anos acabou exacerbando ainda mais. O Bressão, de certa maneira, é o Rio que eu idealizava quando morava fora, as coisas que eu morria de saudades, e que depois de voltar acabaram se mostrando mais legais ainda.


CB ; Já esteve na França, berço de Bresson?

PG ; Já fui algumas vezes, principalmente quando morava em Londres. Morei lá durante cinco anos, trabalhando em agências de publicidade, e depois passei um ano e meio em São Paulo e mais outro ano e meio em Buenos Aires.

Conheça o tumblr de Cartiê Bressão

[SAIBAMAIS] CB ;Além da brincadeira com o nome e do fato de ser mundialmente conhecido, você explorou mais detalhes sobre Henri Cartier-Bresson?

PG ; Sempre gostei do trabalho dele e fiquei muito impressionado quando fui na Fundação dele em Paris, mas nunca cheguei a ficar obcecado com o trabalho dele, gostava muito de fotojornalismo em geral, tipo coisas da agência Magnum e da revista Life. E eu diria que o fotográfo que mais me impressionou foi o Philippe Halsman que, além do trabalho incrível, desenvolveu, de brincadeira, uma ciência que ele chamou de jumpology. Ele sempre tirava foto de pessoas muito importantes e depois pedia pra tirar uma foto delas pulando, porque ele achava que no meio do ar, se preocupando em vencer a gravidade a máscara caía e a pessoa relaxava e acabava revelando a sua essência. O resultado era muito surpreendente e único e ele ainda agrupava todas por estilo de pulo e fazia análises psicológicas das pessoas. Eu fiquei abismado com a criatividade, bom humor, sensibilidade e profundidade que as fotos dele despertavam.


CB ; Qual a primeira foto postada como Cartiê Bressão?

PG ; Depois do carnaval eu comecei a tomar gosto pela coisa, mas foi quando eu tirei a foto do vendedor de milho (que é a minha foto do perfil) que consegui ver que estava chegando a um resultado que eu estava realmente gostando e que as fotos juntas faziam mais sentido, aí fiz o tumblr. E ficou bastante tempo sem frase nenhuma na legenda, só com o local e a data da foto. Até que quando eu subi a foto do garotinho voltando da pesca eu achei que ela por si só não estava fazendo jus a quão interessante tinha sido aquela cena. E no instagram, as pessoas passam muito rápido pelas fotos, sem prestar atenção, então a legenda ajuda a explicar melhor nessa correria. E em francês por algum motivo acabou dando o toque de humor que estava faltando. A partir daí as legendas viraram uma diversão à parte.


CB ; Ser Cartiê Bressão já virou um trabalho? O que você faz profissionalmente quando é Pedro?

PG ; Eu trabalhei em agências de propaganda, mas hoje em dia sou sócio de uma empresa de crowdfunding de shows chamada Queremos (que estamos também lançando nos EUA com o nome de WeDemand). Mas por enquanto é um projeto paralelo que cada vez fica mais interessante.


CB ; São muitos, mas você tem alguns favoritos entre tantos instantes decisivos?

PG ; Algumas fotos foram importantes por diversos motivos, mas a do trocador de ônibus pensando na vida foi a mais impressionante de ver acontecendo. O cara estava realmente em outra dimensão, sentado ali do meu lado, e era um sentimento muito forte de contemplação que eu me identifiquei. Foi um pouco como se eu estivesse me vendo ali nele naquela hora.


CB ; Como é sua abordagem? Você simplesmente clica ou também interage com os protagonistas da foto?

PG ; Varia bastante, às vezes a cena pede pra interagir e fotografar justamente essa reação inesperada, em outras faz mais sentido ser um observador mais distante.


CB ; Bresson foi artista de vanguarda, lírico, pintor, desenhista, literato, foto-jornalista... vocês são muito parecidos?

PG ; No sentido de gostar de tudo isso acho que sim, mas não sei de personalidade e temperamento. Teria que perguntar pro analista dele.


CB ; O tumblr parece ter tomado grandes proporções. Alguma editora já te sondou para publicar as fotos?

PG ; Já andei conversando com algumas, mas muito em breve vão acontecer coisas interessantes. Aguardem.