Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Obras de primeira grandeza fazem do Natal um incentivo à leitura

As coisas não andavam nada bem na Inglaterra logo no início da Era Vitoriana (1837-1901). Nem mesmo para o autor Charles Dickens, que, nessa época, tinha escrito o clássico Oliver Twist (1837). O sucesso da obra não evitou o acúmulo de dívidas. Pensando em saldá-las, Dickens escreveu Um conto de Natal (1843) e foi bater na porta de editores em busca de publicação. Nada. Pegou o pouco que restava e bancou a divulgação do livro em capítulos. Assim, reinventou o Natal.

Um conto de Natal (cujo título recebeu várias versões em português) ajudou a restabelecer o espírito natalino e, reza a lenda, tornou o feriado uma época festiva e alegre. As árvores de Natal, os cartões comemorativos, meias na lareira e enfeites de bengala, todos pegaram carona no senso de esperança e reflexão que Dickens estabeleceu no país. O irônico é que a tarefa coube ao rabugento ancião Scrooge, personagem principal da história. Era uma vez um velho mesquinho que despreza os funcionários pobres e odeia o Natal. Ao receber a visita de alguns espíritos, reflete sobre seus atos. O fim dá para imaginar. A ideia, que hoje soa tão simples e previsível, foi de encontro aos calejados corações britânicos e reacendeu a estima do país.