A curiosidade pelos assuntos mais díspares foi a responsável pela fama de ;fogo de palha; de Luís Melo entre os parentes. Formado em edificações por um curso técnico, ele ciscava em muitos terreiros diferentes das artes. De repente, o visgo do teatro o prendeu e nunca mais soltou. Acabou-se a inconstância. Daí em diante, ele passou a usar o universo paralelo como alimento para sua criação cênica. ;Aprendo mais com tudo isso do que com o teatro, sempre me inspiro na música, nas artes plásticas e na fotografia. É preciso estar aberto ao que altera sua sensibilidade;, revela. A construção gradual de referências deu a ele a faceta camaleônica, adaptável tanto aos espetáculos mais herméticos quanto às produções que a audiência de milhares sintoniza na tevê.
Presença constante em novela e minissérie (como América, A casa das sete mulheres, JK, O cravo e a rosa e, mais recentemente, Amor eterno amor), o ator curitibano, de 65 anos, não descuida de sua faceta menos comercial. Leva ao palco montagens pouco convencionais, como Nova velha história, trama baseada no mito de Chapeuzinho Vermelho, porém falada em uma língua inventada, o gramelô. Em Trono de sangue/Macbeth, ensaiou o papel principal nesse mesmo idioma ininteligível. Viveu Medeia em uma montagem sem falas. Shakespeare, Tchekhov e Nelson Rodrigues são algumas das passagens de seu extenso currículo de experimentações cênicas.