Boa parte dos novos realizadores brasileiros trabalha em coletivos, faz filmes com pouco dinheiro e lamenta a falta de espaço para exibir as produções. As semelhanças terminam aí. Embora um slogan jornalístico teime em classificar os cineastas em ascensão como representantes do ;novíssimo cinema brasileiro;, os nomes apontados como integrantes do suposto movimento não se reconhecem como um grupo uniforme. ;Talvez isso funcione como um slogan mesmo. Pode ajudar em alguma coisa, mas também pode reduzir muito. Todo rótulo é complicado. São formas fáceis de abarcar todo mundo e colocar no mesmo lugar. Pode ser leviano, sem aprofundamento e sem pesquisa;, acredita a diretora mineira Clarissa Campolina. ;Não gosto quando dizem que faço parte do novíssimo cinema brasileiro. Eu tenho 40 anos, fiz um filme com outro tipo de preparação. Não sei se existe um movimento e não enxergo os realizadores com os olhos feitos para enxergar uma geração;, diferencia Helvécio Marins Jr., diretor de Girimunho, ao lado de Clarissa.
Movimento organizado ou não, o certo é que o cinema brasileiro está em movimentação. O Correio compilou seis cineastas, cujos filmes autorais obtiveram a atenção da crítica e do público de festivais, seja pela linguagem ou abordagem, e alcançaram boa representação para o cinema brasileiro fora do Brasil em 2012. Para montar a seleção, foram levados em conta os méritos artísticos e o sucesso em participações e premiações de mostras internacionais e nacionais. Quase todos os filmes selecionados carregam o frescor de algum tipo de estreia para seu realizador. Alguns assinam a primeira narrativa longa (Clarissa Campolina e Helvécio Marins Jr.) ou estão lançando a primeira ficção em longa-metragem, caso do pernambucano O som ao redor, de Kleber Mendonça Filho, do brasiliense radicado em Recife Marcelo Lordello, que assina Eles voltam, e da carioca Julia Murat com Histórias que só existem quando lembradas.
COLEGAS (SP), de Marcelo Galvão
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GIRIMUNHO (MG), de Clarissa Campolina e Helvécio Marins Jr.
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