Dívida é a melhor palavra pescada do vocabulário do violinista Thiago Franciss para definir o compromisso de um bolsista. O débito, o músico explica, corre por duas vias: para com o país de origem e para com o país que recebe. Mas os ganhos vão muito além do pagamento. Quando se trata de bolsas na área de artes, as portas podem se abrir para um universo de linguagens inesperadas e um mundo que só pode ser descoberto in loco. Para o artista, estar exposto ao estranhamento é extremamente produtivo caso ele saiba tirar proveito. %u201CVocê tem que ter a cabeça aberta e estar preparado para viver o que é novo%u201D, avisa Franciss, que foi contemplado com bolsas de estudos na República Tcheca, Austrália e Japão.
Depois de se especializar no instrumento e em técnicas pedagógicas do ensino da música, Franciss retornou ao Brasil para colocar em prática o que aprendeu. Quando saiu pela primeira vez, tinha apenas 22 anos. Hoje, aos 29, trabalha em uma escola pública de Brazlândia na qual luta para implementar rotinas de disciplina e eficiência em um ambiente marcado por exclusão social, violência e drogas. %u201CFui para o exterior como músico e voltei como educador%u201D, conta. %u201CA bolsa de estudos te dá instrumentos para mudar o que está ruim no seu país.%u201D