Enquanto a versão aditivada de Thriller é aguardada com ansiedade pelas massas, é preciso dizer que o recauchutado Bad envelheceu mal. OK, a gravação ; agora expandida em CD duplo ; tem lá seus momentos, mas somente a faixa-título, I just can;t stop you e The way you make me feel não são páreo para o autêntico incêndio de melodias esfuziantes, refrões ganchudos, irretocáveis performances e grooves mortíferos que consome a íntegra de Thriller. Quem precisa bisar a dose de sacarina contida em Man in the mirror? Ou, em plena era da correção político sexual, ter coragem de aplaudir a explicitamente misógina Dirty Diana? Mesmo quando Stevie Wonder entra em cena para uma canja em Just good friends, nada acontece. Em suma, mesmo tramado imaculadamente em termos de técnicas de estúdio, a frieza calculada e algo robótica de Bad não justifica tal reedição.
Quanto ao DVD Live at Wembley July 16, 1988, embora seu áudio e vídeo não sejam exatamente fruto de tecnologia de ponta ; na verdade, o mesmo foi extraído de uma velha fita em VHS () do próprio Michael Jackson e, ao que parece, a única cópia existente do show em questão ;, o meticuloso trabalho de restauração que culminou na sua materialização acaba por extrapolar seu óbvio valor documental. Tendo o príncipe Charles e a princesa Diana como convidados de honra de um dos mais empolgantes concertos que apresentou ao longo da carreira, Michael Jackson ; seja na desconcertante precisão do moonwalk e outros mágicos passos de dança, no repertório escolhido a dedo, no uso imaculado da voz como instrumento ou nos rompantes de emoção que provavam que aquele excêntrico artista tinha mesmo um coração batendo em seu peito ; mostra para as 72 mil pessoas lá presentes por que já fazia por merecer o status de lenda.