<p class="texto"><img src="https://imgsapp2.correiobraziliense.com.br/app/noticia_127983242361/2012/11/01/331447/20121101132400971327a.jpg" alt="" /><em>Onde a coruja dorme</em>, documentário sobre o pernambucano Bezerra da Silva (1927-2005), será lançado nesta sexta-feira, no Cine Cento e Quatro, em Belo Horizonte. Não se trata de cinebiografia, mas de uma espécie de retrato artístico pintado coletivamente pelo próprio Bezerra e por criadores dos sambas que ele gravou. Gente como Tião Miranda, que trabalha com refrigeração; o bombeiro Pedro Botina, que ganha a vida removendo cadáveres; o carteiro Claudinho Inspiração; o camelô Popular P; 1.000tinho (sic); Walmir da Purificação; Roxinho; Adelzonilton e Nilo Dias. Essa turma compôs sucessos como <em>Malandragem dá um tempo</em> (;vou apertar/ mas não vou acender agora;), <em>Candidato caô caô </em>e <em>Minha sogra parece sapatão.<br /></em> <br />;As pessoas vão conhecer os compositores que fazem a glória da música de Bezerra da Silva;, afirma Simplício Neto, que dirigiu o filme em parceria com Márcia Derraik. O repertório genial veio de artistas anônimos ; alguns nem são músicos profissionais. Muitas pérolas nasceram do batuque em caixa de fósforos ou em balcões de bar. ;São visões da vida do brasileiro com a linguagem do samba, do humor e do protesto. Trazem o olhar das classes populares, da Baixada Fluminense e da periferia sobre temas muito atuais, como corrupção política, liberação das drogas e arrecadação de direitos autorais;, explica o diretor.<br /><br />Bezerra da Silva teve o papel fundamental de trazer à luz essa produção. Até então, ressalta Simplício Neto, as comunidades não eram ouvidas sobre esses temas. A opção de filmar um ;retrato coletivo; veio da constatação de que se ignorava quem, realmente, fez a cabeça de Bezerra da Silva.<br /><br />Bezerra atuou quase como etnólogo e antropólogo: recolheu as canções de seus amigos, transcreveu-as e identificou seus autores. ;Ele é um pouco curador;, resume Simplício. ;Com gravador debaixo do braço, ele andou pelas comunidades, foi a lugares onde a coruja dorme, como dizem os músicos, procurando canções e autores. Esse material poderia ficar anônimo para sempre, virar folclore;, observa. O cineasta lembra que o pernambucano deixou obra inteligente, feita com talento, perspicácia e sensibilidade. ;Ele era muito honesto. Inclusive, cuidou dos direitos autorais dos compositores;, elogia. O cineasta compara a ação de Bezerra da Silva à de Mário de Andrade como pesquisador e divulgador da cultura brasileira.<br /><br /><em>Onde a coruja dorme</em> teve como ponto de partida o curta homônimo, lançado em 2001 e assinado pelos mesmos diretores, recém-formados em cinema. Quando apresentaram a ideia a Bezerra, ele reagiu rispidamente: ;Elogio não enche barriga, é preciso dinheiro para filmar;. Mas apoiou o projeto quando soube que o documentário traria os compositores que ele gravou. Prêmios em editais de estímulo ao cinema permitiram a finalização e a distribuição do longa.<br /><br />;Bezerra da Silva é respeitado pelo pessoal do rock e do hip-hop, que vê nele o samba contemporâneo, mas suas músicas ainda são raras nas rodas de samba. É preciso reconhecer o papel importante dele. Bezerra fez o partido-alto da Baixada;, defende Simplício Neto. ;Falta a intelectualidade e a academia abrirem os olhos para essa arte. Os sambas de Bezerra devem voltar ao povo, de onde eles vieram;, completa.<br /><br />Em 1990, Bezerra da Silva lançou o disco Eu não sou santo. Em entrevista ao Estado de Minas, explicou que suas canções eram retratos do cotidiano da favela. O cantor negou ser o inventor do estilo, recusou o rótulo de ;sambandido; e criticou o pagode: ;Isso não é gênero de música. Pagode é templo de povo asiático. E coisa de quem quer desmoralizar a profissão dos outros;.<br /> <br /><strong>Ele é o cara</strong><br /><br />Bezerra da Silva vendeu milhares de discos. Fez sucesso, mas não tocava no rádio. Tornou-se conhecido da classe média por meio de bandas como Barão Vermelho. O rapper Marcelo D2 gravou um disco homenageando sua obra. Com a caricatura do cantor que ilustra esta página, o cartunista Quinho, do Estado de Minas, venceu prestigiado salão de humor carioca.<br /><br />;Ninguém queria as minhas músicas, pois eram consideradas música de vagabundo. Os compositores são pedreiros, bicheiros, camelôs, desempregados e favelados. A maioria mora na Baixada Fluminense. São pobres, mas têm o dom da inspiração.;</p><a href="#h2href:{"titulo":"Pagina: capa diversao e arte","link":"","pagina":"195","id_site":"33","modulo":{"schema":"","id_pk":"","icon":"","id_site":"","id_treeapp":"","titulo":"","id_site_origem":"","id_tree_origem":""},"rss":{"schema":"","id_site":""},"opcoes":{"abrir":"_self","largura":"","altura":"","center":"","scroll":"","origem":""}}"><p class="texto"><font color="#FF0000"><strong> </strong></font></p><p class="texto"><font color="#FF0000"><strong>Leia mais notícias em Diversão & Arte </strong></font></p></a>