Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Cinquenta tons de liberdade esquenta discussões sobre o valor da trilogia

Sexo vende. Muito. Com 65 milhões de cópias comercializadas, no mundo, a série Cinquenta tons se firma como uma das mais lucrativas franquias literárias da história. A surpresa do fenômeno recai na falta de originalidade do enredo, afinal nunca faltou transas e fantasias eróticas na Justine, de Marquês de Sade, na Delta de Vênus, de Ana;s Nin, ou na pervertida senhora do nosso João Ubaldo Ribeiro, em A casa dos budas ditosos. A autora E L James soube aproveitar os estandartes da indústria. Além do sexo e todas as posições, elementos e ingredientes possíveis, a britânica parece fazer uso de um manual de literatura comercial. As lições de Christopher Vogler são fielmente seguidas: relação tempestuosa, vilões, mocinha, lua de mel, gravidez, reviravoltas. Catarse garantida. Joseph Campbell descansa no túmulo. Os críticos literários, por sua vez, torcem o nariz e não cansam de criticar o desmérito literário do lançamento.

Depois do apimentado início, em Cinquenta tons de cinza, praticamente centrado nas relações sexuais dos protagonistas Ana e Christian, e do mergulho psicológico de Cinquenta tons mais escuros, que visa apresentar o perfil e o histórico da virginal mocinha e do perturbado (e cinzento) galã, Cinquenta tons de liberdade (nas livrarias a partir de 8 de novembro) garante boas doses de suspense para o final. Embora, a fórmula seja a mesma, James aproveita para acrescentar novos ares, que incluem perseguições e todos os pesadelos de Ana concretizados. O derradeiro volume percorre um clima de thriller, enquanto desvenda os mistérios sugeridos nos dois livros anteriores. A carga erótica continua prevalecendo, assim como a linguagem e a trama simplista, provocando um intrigante embate entre literatura e erotismo.