Há beleza no caos, e o artista britânico Antony Gormley tem absoluta certeza disso. Brasília é maravilhosa, a utopia que a gerou é muito humana, mas não é para todo mundo, e o artista também tinha certeza disso desde que aterrissou na cidade para montar a mostra Still beings ; Corpos presentes no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), na semana passada. Para saber como vivem as pessoas que não usufruem plenamente da arquitetura modernista de Oscar Niemeyer, Gormley quis conhecer os arredores da cidade. ;Brasília é uma utopia, uma ideologia e eu queria ver como vivem aqueles que moram em volta, que não têm eletricidade nem infraestrutura;, disse o artista.
No início da tarde de terça-feira, uma caminhada de quase duas horas pela Estrutural e arredores do lixão fez o artista concluir que os brasileiros são mestres em administrar a precariedade. ;É uma coisa muito truísta de se dizer, mas é fato que as pessoas pobres são sempre mais receptivas, mais gentis. Quanto menos elas têm, mais querem dividir;, reparou o artista.
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