Toronto - A co-diretora de "Cloud Atlas", Lana Wachowski assumiu publicamente esta semana a mudança de gênero que transformou em mulher o aclamado diretor de "Matrix", Larry Wachowski.
A mudança de gênero vinha sendo alvo de rumores, sem nunca ter sido confirmada até agora, pois Wachowski vinha evitando entrevistas, insistindo em cláusulas de não exposição à imprensa em seus contratos.
Mas no mês passado, um vídeo promocional em que Lana aparece usando dreadlocks cor de cosa subitamente se tornou viral e, em entrevista à revista New Yorker, ela explicou que na escola Larry não sabia se devia fazer fila atrás das meninas ou dos meninos, optando pelo meio, "exatamente onde eu me encaixava, entre um e outro".
O artigo da New Yorker revelou que Larry se separou de sua esposa enquanto filmava as duas últimas sequências da trilogia "Matrix", após sofrer de ansiedade e depressão por um longo período.
Em 2009, Larry se divorciou, começou a viver como a transexual Lana e acabou se casando com outra mulher.
"Eu decidi mudar meu exterior para aproximá-lo do meu interior", contou Lana à New Yorker, afirmando ter tido o apoio da família.
"Eu conheço muitas pessoas que estão morrendo de vontade de saber se eu construí cirurgicamente uma vagina ou não, mas prefiro manter esta informação entre mim e minha mulher", acrescentou.
Durante entrevista coletiva, este domingo, no Festival Internacional de Cinema de Toronto para a estreia mundial de "Cloud Atlas", uma combinação de filme épico e viagem no tempo, baseada no romance de David Mitchell, Lana explicou porque agora decidiu quebrar o silêncio.
"Senti alguma responsabilidade com a comunidade GLBT (gay, lésbicas, bissexuais e transgêneros) e algumas pessoas têm me pedido para torná-lo público", afirmou a diretora, novamente exibindo dreads rosa.
"Mas eu e (seu irmão mais novo e co-diretor do filme) Andy amamos nossa privacidade, nosso anonimato. Ser uma celebridade não ajuda muito você a se aprimorar. Achamos que, na verdade, pode piorar a sua vida. Portanto, foi uma grande decisão e demorei um bocado" para tomá-la, acrescentou.
[SAIBAMAIS]"Gostamos da forma como nosso anonimato nos permite viver no mundo. Você pode ir a uma loja de quadrinhos, a uma locadora de filmes ou simplesmente ouvir as pessoas. Somos escritores, gostamos que as pessoas ajam com normalidade ao nosso redor", emendou.
"Eu sabia que um dia eu seria público e tivemos que negociar quando seria. Este filme é sobre transcender nossos medos do ;outro; de várias maneiras, sobre transcender as barreiras do ;outro;. Pareceu para mim bastante natural fazê-lo agora", concluiu.