Geek, nerd, piadista excêntrico e autorreferencial, fã de filmes trash, B, faroestes italianos, fitas orientais de samurais e monstros, leitor de quadrinhos e literatura pulp, barata, de papel descartável. Quentin Tarantino é celebrizado como o jovem queixudo que saiu de uma videolocadora direto para os sets de Cães de aluguel (1992). Um sortudo, portanto, que, em dois anos, rodaria Pulp fiction (1994), venceria a Palma de Ouro no Festival de Cannes, e seria legitimado, nos Estados Unidos, na Europa e no resto do mundo do cinema como o cineasta mais talentoso, enérgico, ousado e cool da sua geração. É tudo verdade e é tudo também um pouco de invenção, como revelam artigos, entrevistas e resenhas editados em Quentin Tarantino: Arquivos de um fanático por cinema (Barba Negra/Leya), um dossiê crítico que percorre toda a carreira do diretor.
Paul A .Woods, organizador de O estranho mundo de Tim Burton (Barba Negra/Leya), reúne textos escritos e publicados na época de lançamento de cada filme. Então, o que se lê na seleção, assinada por críticos estimados como Todd McCarthy (ex-Variety, atual The Hollywood Reporter) e Manohla Dargis (The New York Times), é um panorama que reproduz metamorfoses e obsessões de um homem de cinema que nunca teve medo de ;copiar; os filmes que adorava (e adora) ver, digerindo imagens, sons e ruídos em seus próprios títulos. O jornalista brasileiro Cassius Medauar atualiza a publicação original, prensada nos EUA em 2005, com parágrafos sobre Sin City ; A cidade do pecado (2005), filme de Robert Rodriguez em que Tarantino dirige um segmento de 10 minutos, À prova de morte (2007) e Bastardos inglórios (2009).