Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Argentina Lola Arias é síntese do efusivo caldeirão cultural argentino

Apesar das constantes oscilações econômicas e escândalos políticos que assolam a Argentina, o teatro fervilha em Buenos Aires. Mesmo a cena alternativa é forte, renova-se com frequência e o público, fazendo sua parte, prestigia as produções locais. Nesse caldeirão cênico, formam-se realizadores com facetas multidisciplinares. Muitos escrevem, dirigem e atuam nos próprios espetáculos, evocando o verdadeiro significado da palavra artista. Dentro dessa perspectiva camaleônica, desponta Lola Arias, cujas funções não são fáceis de enumerar.

Escritora, dramaturga, diretora teatral, performer, compositora e cantora, a bonaerense de 35 anos se destaca entre as vozes atuais capazes de transmitir, da forma mais contundente, as angústias de seus conterrâneos. ;Me interessa muito o trabalho de escritores e diretores como Federico León, Mariano Pensotti, Gerardo Naumann, Romina Paula. Eles fizeram seu próprio caminho e têm linguagem pessoal. Também me interessa o trabalho feito nos limites da dança, das artes visuais, do cinema e do teatro, como de Luis Garay e do Grupo Krapp;, cita, enumerando parceiros na cena portenha.

Em Brasília, seu nome ganhou visibilidade após a passagem pelo Cena Contemporânea. Ela trouxe ao palco do Teatro Plínio Marcos um de seus muitos trabalhos, Mi vida después, resgate histórico, embora subjetivo, de como sua geração lida com os horrores enfrentados por quem atravessou a ditadura militar. Em cena, os atores usam roupas e fragmentos de antepassados para evocar os duros anos de repressão política no país.