Muita dança é a marca do espetáculo En otra parte, do grupo colombiano L;Expose, a estreia desta sexta-feira (20/7) no 13; Cena Contemporânea. No palco da sala Martins Pena, dez bailarinos embalados pelas próprias experiências realizam um jogo de movimentos ancorados principalmente em técnicas de contato e improvisação em torno da temática da identidade em situações de deslocamento. No entanto, para o público que lotou a sala há inúmeras possibilidades de interpretação e a questão das identidades é apenas uma delas. "Cada um interpreta de uma maneira", reparou o psicólogo Hugo Soares, 25 anos. "Para mim, o início, com todo mundo junto e o barulho de trem no fundo lembra uma sociedade mecânica. É um espetáculo de muito contato."
De fato, a dança do L;Explose é de embate, força e uma certa violência que pode estar associada à reflexão sobre a identidade. O diretor e coreógrafo Tino Fernandez e a dramaturga Juliana Reyes queriam justamente montar um espetáculo que remetesse a construção das próprias referências em situações de trocas constantes de culturas. Em um único momento, os bailarinos dão o testemunho de suas experiências de viagens, lembranças de infância e situações em que se sentiram estrangeiros. Um músico acompanha toda a encenação, às vezes com um violão, às vezes com a música eletrônica sintetizada no computador. É a combinação das falas ocasionais, dos movimentos e da sonorização que fazem a poesia de En otra parte, até agora o espetáculo menos teatral do Cena. A dança contemporânea é que dá o tom da obra. "Eles têm muita técnica", avisa a psicóloga Marina Rios, 23. O espetáculo ainda pode ser visto neste sábado, às 21h, na sala Martins Pena.