Arrigo Barnabé foge do óbvio como o diabo da cruz. Manteve-se assim quando levou ao palco repertório de canções de Lupicínio Rodrigues, e também quando transpôs esse show para o DVD. Caixa de ódio ; O universo de Lupicínio Rodrigues (que ganha reedição pela Coleção Canal Brasil, um ano após ser lançado) é incomum não só porque evita itens corriqueiros nos DVDs de shows (como o making of nos extras e a participação de convidados), mas porque aposta na provocação ao visitar a obra de um compositor que, em princípio, não teria a ver com o intérprete.
Em Caixa de ódio, o artista, que habitualmente se apresenta ao piano, limita-se a cantar. Mas se preocupa menos em ser um cantor afinado do que em explicitar, por meio de seu canto rascante, como um Tom Waits à brasileira, a intensidade dos sentimentos presente na música do compositor gaúcho. ;Não acredito em nada que não tenha angústia, isso talvez é o que mais me atrai nas canções de Lupicínio, e também a raiva, gosto muito de trabalhar com a raiva, a revolta;, afirma Arrigo. E é a expressão desses estados de espírito exaltados que aproxima cantor e autor.