Criado em Silvânia, interior de Goiás, Leones estreou em 2006, com Hoje está um dia morto (Record), vencedor do Prêmio Sesc de Literatura. Embarcou no conto em Paz na terra entre os monstros (Record, 2008), antes de retornar ao romance com Como desaparecer completamente (Rocco, 2010) e Dentes negros (Rocco, 2011). Em conversa com o Correio, o autor descreve a influência da música e do cinema na sua escrita, comenta seus deslocamentos pelo mundo (de Silvânia a São Paulo, passando por Jerusalém) e opina sobre a nova geração de escritores, da qual é um dos principais nomes.
ENTREVISTA COM O ESCRITOR ANDRÉ DE LEONES
O que é tedioso e o que é banal também surgem com relevância, talvez como catalisadores de emoções, de movimentos, de angústias digeridas e depois ditas. É a experiência de ter morado em São Paulo?
André - Nunca pensei nesses termos. O tédio e a banalidade estão em todo e qualquer lugar, independentemente do tamanho que tem. Em Jerusalém e em São Paulo, encontrei, sim, outra coisa: o anonimato. Sempre achei opressivo viver em um lugar onde todos conhecem todos e sabem ou querem saber de todos. O alívio que sinto por morar em uma cidade na qual posso circular incógnito é indescritível.
Em relação à Flip enquanto palco do mercado editorial brasileiro. No passado, já esboçou opinião crítica sobre a feira. Qual o seu posicionamento quanto ao caráter comercial da festa e ao domínio de certos selos ; certas marcas ; na programação?
André - Acho difícil organizar uma festa do tamanho da Flip sem procurar por retorno comercial. Antes, eu não entendia isso. Tinha uma ideia meio ingênua das coisas. Hoje, por exemplo, sei da importância de livros comerciais para que as editoras possam investir em autores como eu, que não são best-sellers e tal. Quanto à Flip, a ideia é justamente chamar a atenção do público, fazer uma festa para que o maior número possível de pessoas compareça. Não vejo nada de errado com isso, até porque a festa nunca procurou disfarçar esse caráter midiático.