Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Ângela Maria comemora 83 anos com casas lotadas e plateia renovada



Há poses que só uma dama sabe fazer. Quando fica em pé diante da câmera fotográfica, Ângela Maria estica a coluna vertebral, prende a respiração, gira os braços à la Carmem Miranda e abre um sorriso irresistível. Por um instante, parece que não está mais no salão de luxuoso hotel à beira do lago. É possível imaginá-la no palco, correndo a voz, como uma menina traquina, a espichar as notas musicais, no tempo e no espaço, e pronunciar, a perder de vista, a palavra ;Babalu;, título de uma de suas interpretações imortais.

; Quer saber a verdade? Não aguento mais cantar Babalu.

Por onde Ângela Maria vai é aquela agonia. Todo mundo quer ouvir Babalu. Se puder, com repeteco no bis. Até nesta entrevista, havia um fio de esperança de ouvir uma palinha, à capela, daquelas de arrepiar a espinha.

; Foi uma coisa engraçada essa canção. Estava em Copacabana quando encontrei, por acaso, o pianista Waldir Calmon, que estava gravando um disco de 33 rotações. Ali, ele propôs que eu desse uma canjinha em duas músicas, uma delas era Babalu, que eu conhecia de ouvido. Trouxeram a letra em espanhol e comecei a ensaiar, com aquele passeio vocal todo. Quando disse vamos gravar, o maestro riu. Já estava tudo registrado de primeira.

Babalu é só um capítulo na história da cantora exímia, dona de 115 discos gravados e 60 milhões vendidos. Uma voz que caminhou pelas letras e melodias de mestres da MPB ; de Herivelto Martins a Caetano Veloso, de Ary Barroso a Chico Buarque.

; Não esqueçam Tom e Vinicius. Meu último disco, Eu voltei, tem Roberto Carlos num repertório maravilhoso, que foi elogiado pela crítica nacional. Quero gravar um álbum só com canções de Chico Buarque, Caetano e Gil.