Há duas maneiras de se encarar um arranjo musical. Pode ser como pequenas sutilezas escondidas dentro uma fruta, cujo gosto já é bem conhecido. Algo como um toque de hortelã dentro de um morango. Ou então o contrário: uma roupa sofisticada para um corpo, esse também, já bem conhecido. É a definição mais repetida pelos profissionais da área. Arranjador precisa ter fôlego, criatividade e um profundo respeito pela criação original. Ela não é só a base, mas a essência, o fundamento do trabalho de todo profissional desse ramo. E eles não são tantos assim. A combinação entre técnicas de composição, intimidade com algum instrumento e domínio de harmonia musical, conjunto necessário para a prática, ainda esbarra na falta de formação. Por isso, a Escola de Música de Brasília (EMB) criou, há três anos, um curso técnico de arranjo cuja primeira turma se formou na semana passada. Uma resposta para a demanda crescente.
Criador do curso, o trompetista Joel Barbosa tem longo currículo como arranjador. Fez um concerto de Natal com arranjos em cima de clássicos natalinos que foram apresentados em Brasília e Cuba, uma orquestração para as música da Legião Urbana tocadas pela banda e pela Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro, em 1996, ano da morte de Renato Russo, e também se especializou em versões sinfônicas. ;O arranjo funciona como um estilista;, ensina. ;Um cara que vai vestir um modelo. Com seu conhecimento criativo e técnico, ele vai vestir a música de forma que prenda a expectativa que foi gerada para a ocasião.;
O trombonista Adil Silva é um dos 12 formandos da primeira turma da EMB. Músico da Banda da Aeronáutica, há muito queria fazer a formação, mas não encontrava opções de cursos. ;Desenvolvia por conta própria;, diz. ;Faço muito arranjo para banda, orquestra, casamento, quartetos.; Para o concerto de formatura, ele fez um pot-pourri de Corcovado, Wave e Garota de Ipanema (Tom Jobim) muito elogiado pelos professores.