A liberdade é feminina
Muito já se discutiu sobre o machismo no hip-hop. Houve evolução em relação a isso?
O fato de o hip-hop ser machista acontece porque a sociedade é machista. Existe machismo no rap e no ponto de ônibus. Hoje em dia, pode ser diferente para mim e outras meninas porque a gente levou muito na cara. Nós aprendemos a lidar de uma forma melhor com a questão. A experiência faz a gente melhorar em todos os aspectos. A menina que começa agora vai enfrentar dificuldades. Mas houve uma evolução. O que sempre me chocou foram as propostas indecentes pela troca de favores sexuais. No resto, o ruim é ter de provar ene vezes que você é melhor do que um cara para conseguir fazer um show.
Você publicou um texto recentemente abordando a questão da feminilidade assumida pelas cantoras de hip-hop. Isso é sinal dessa evolução?
Participo de encontros da rede hip-hop nos quais trocamos experiências entre mulheres. Todas passaram pela fase de usar roupas largas masculinas e esconder o corpo. Isso acontece em outros meios sociais. Por exemplo, uma mulher inteligente e bonita é sempre desacreditada. Seria preciso que ela escondesse as formas e maneirasse na maquiagem para ser levada a sério. Gosto de surpreender, gosto de causar. Não me esconderia para sempre. Muitas meninas assumiram a feminilidade também.