Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Gabriela ajudou a exuberante culinária baiana a atravessar fronteiras

Gabriela veio de longe, da terra seca, sem nenhuma gota d;água. Tinha cor de canela, carregava o cheiro de cravo, que levava sempre preso ao cabelo. Com seu jeito de menina e de mulher e talento para a cozinha, ela conquistou o seu patrão, o árabe Nacib, e metade de Ilhéus. No romance, Gabriela, cravo e canela, de Jorge Amado, que, em 2012, completaria 100 anos de vida, temperos e aromas se misturam, formando uma pintura para os olhos e o paladar. No tabuleiro da baiana Gabriela, tem acarajé, abará e tantos outros pratos da exuberante cozinha baiana.

A presença marcante da culinária brasileira nos romances de Jorge Amado teria uma função muito além do simples ato de comer. ;Ele trabalha o alimento em todos os seus sentidos, não apenas o paladar, mas também o olfato, a visão, o tato;, conta Paloma Jorge Amado, filha do escritor e autora de A comida baiana de Jorge Amado (Editora Record). Todas as personagens femininas de Jorge Amado estão fortemente ligadas à culinária. Enquanto Gabriela e Dona Flor são cozinheiras profissionais, Teresa Batista aprende a cozinhar e o faz muito bem. ;Mesmo Tieta, que não sabia cozinhar, é uma declarada apreciadora da boa mesa baiana;, completa Paloma.