É curioso ouvir as definições para a cigana Carmen quando provenientes de sexos opostos. A personagem mais popular da história da ópera não chega a ser uma unanimidade no quesito personalidade, embora nunca tenha deixado de ser na categoria popularidade. Figura à frente de seu tempo para as mulheres, sedutora bipolar para alguns homens, o consenso é a volatilidade. Carmen encara o amor como um sentimento efêmero, quiçá inexistente, e a liberdade como questão de vida e morte. Entre os dois há espaço para uma tragédia passional que começa com graça e termina com sangue. Composta por Georges Bizet entre 1873 e 1875, Carmen encerra o 2; Festival de Ópera com quatro récitas programadas para esta quinta-feira (21/6) até domingo (24/6) na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional.
Depois de La Boh;me e Cavallaria Rusticana, vistas por 9 mil pessoas e encenadas durante as duas últimas semanas, Carmen é o toque mais popular da temporada. ;Os temas são utilizados em muitas circunstâncias da vida artística e até do dia a dia, de propaganda de televisão a balé;, avalia Claudio Cohen. ;São temas festivos, alegres e melodias que têm uma facilidade de assimilação. E a história apaixona: uma mulher livre, sem amarras da sociedade.; Liberdade sim, mas a que preço? O da morte, na concepção de Janette Dornellas, que divide com a paulista Mere Oliveira o papel da cigana. O das paixões vividas, para Mere. ;Ela é tão livre que escolhe a morte;, interpreta Janette. ;Ela tem uma honestidade, não engana. O amor tem que ser livre, ele não conhece lei;, completa Mere.