Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Cristina Branco emocionou o público com fado embriagado de poesia

O fado de Cristina Branco não é triste. É dramático, mas não se aprisiona ao sentimento de fossa que marcou o gênero musical português, recentemente transformado em Patrimônio Imaterial da Humanidade. Ela, entre uma canção e outra, pontua a diferenciação em temas embriagados de poesia. A cada música, interpretada no palco do Teatro da Unip (913 Sul), o espectador é deslocado para uma esfera subjetiva de sentimentos. Os cantos de exílio, a solidão, os encontros febris e apaixonados alimentam os motes poéticos que saem da voz cristalina da cantora portuguesa, em turnê pela América do Sul (depois de São Paulo e Brasília, ela segue para Buenos Aires e Montevidéu).


De vestido de cor negra, no mesmo tom do trio acústico (formado de piano, contrabaixo e guitarra portuguesa), Cristina Branco se coloca no centro do palco par a par com o naipe instrumental. O respeito e a intimidade com os músicos chamam a atenção da plateia. Na metade do show, quando já havia interpretado oito músicas, deixa o tablado para que Ricardo Dias (piano e acordeão), Bernardo Couto (guitarra portuguesa) e Bernardo Moreira (contrabaixo) arranquem aplausos efusivos com performance jazzística. A expectativa era de que voltasse com outro figurino, mas foi delicadamente um gesto de valorização.