Quando o assunto é peregrinação, o mais comum é pensar em sacrifícios, trajetos longos e penosos realizados por devotos a lugares considerados sagrados. Desfrutar dos prazeres gastronômicos parece algo totalmente incompatível com a proposta. Não para quem vai a Santiago de Compostela, na Espanha. O caminho que ano passado atraiu cerca de 180 mil pessoas de todo o mundo atravessa regiões de forte herança gastronômica, bem aos moldes da tradição espanhola. Passar pelas comunidades autônomas de Navarra, La Rioja, Castilla y Leon e Galícia sem ao menos provar um bom vinho, uma torta de Santiago ou um polvo de Melide é, definitivamente, um pecado.
Desde o descobrimento da tumba de Tiago Maior, um dos 12 apóstolos de Jesus Cristo, na cidade de Santiago de Compostela, ainda no século 15, o caminho se tornou a mais importante rota de peregrinação da Europa Medieval. Em busca de alguma graça divina, cristãos saíam de vários países rumo a um ponto comum: a cidade de Santiago, na região da Galícia, no norte da Espanha. Foi assim que diversos trajetos se formaram, sendo o mais célebre conhecido pelo nome de caminho real ou francês, até hoje percorrido por cerca de três quartos do total de peregrinos, de acordo com dados da Oficina de Acolhida dos Peregrinos.