Esse é um caso de progressiva aprendizagem, em uma escola nobre chamada Festival de Cannes. Aos poucos, graças a um projeto de residência no evento, a paulista Juliana Rojas, 30 anos, está realizando o longa-metragem As boas maneiras (codirigido por Marco Dutra). Ao mesmo tempo, sem muita ansiedade (ou, ao menos, disfarçada), Juliana enfrenta momento único, no sábado (19/5), com o tapete vermelho estendido, na participação de um curta-metragem dela (O duplo) integrado à seção do festival batizada de Semana da Crítica, campo para projeção, no passado, de diretores como Wong Kar-Wai e Bernardo Bertolucci. Essa será a quarta participação da moça na maior vitrine mundial de cinema. Em 2005, O lençol branco (ainda com o parceiro Dutra), com imagens de um nenê sufocado, já apontava as estranhezas do cinema da jovem que, ainda estudante da Escola de Comunicações e Artes (USP), competiu na mostra Cinéfoundation do festival.
Qual seria o segredo de tanto agradar Cannes? ;É possível ver elementos em comum nos meus filmes. Além disso, cada um passou em uma mostra, filtrado por diferentes comissões de seleção. Acho impossível produzir (com sucesso) um filme para agradar. Sempre faço um filme pensando em contar uma história da melhor forma possível. E acredito que, se conseguir ser fiel a isso, o filme encontra seu lugar;, analisa a diretora. Duas recompensas podem estar à frente de eventual prêmio: o Nikon Discovery Award (3 mil euros com mais o equivalente a outros 4 mil em equipamento de câmera) e o Canal Plus Award (compra dos direitos de exibição do curta no Canal Plus e mais 6 mil euros em infraestrutura no próximo filme).