Nahima Maciel
postado em 18/05/2012 08:05
Quando Marianne Peretti senta em um dos bancos corridos da Catedral e olha para cima, ela tem certeza de ter vivido um milagre. ;Tudo em Brasília é um milagre;, repara. Mas a Catedral, para artista franco-brasileira, é o maior deles. Aos 85 anos, ela não se cansa de observar os detalhes e sempre fica preocupada quanto à maneira que a obra será recebida pelos visitantes. Inquietude natural, já que os 2 mil m; de vitrais instalados no teto da Catedral são a maior obra realizada por Marianne em mais de cinco décadas de trajetória artística. Ela conta que até virou religiosa quando terminou o trabalho. ;Mas Niemeyer não é. Só que quando ele tem problemas muito grandes, fica um pouco;, revela.
Oscar Niemeyer só confiou os vitrais a Marianne Peretti depois de vários testes de grande porte. Em 1979, ela fez painéis para o Senado e para o Palácio do Jaburu. No ano seguinte, compôs o teto da cripta de Juscelino Kubitschek no Memorial JK e a escultura do pássaro dourado do Foyer da Sala Villa-Lobos no Teatro Nacional. No fim da década de 1980, vieram as formas orgânicas avermelhadas que aquecem o ambiente escuro do Panteão. Nesse momento, Niemeyer começou a cobrar a Catedral. ;Ele falou durante anos que era preciso fazer, mas eu não me entusiasmava muito porque achava muito grande. Dizia que podíamos limpar bem o vidro, que ficava bonito com as nuvens. Quando inaugurou o Panteão, não pude mais negar.;