Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Filha de Nelson Rodrigues lança volume com textos inéditos

;Três anos em uma editoria de polícia de um jornal pode formar um Balzac;, dizia Nelson Rodrigues. Ele começou a trabalhar aos 13 anos, com seu terninho elegante de gravata borboleta, no jornal A Manhã, dirigido pelo pai, Mário Rodrigues. Nunca mais parou de metralhar nas máquinas de escrever. O seu gênio borbulhou nas páginas dos jornais em reportagens, peças de teatro, crônicas, contos, folhetins, mesas-redondas sobre futebol, entrevistas e até em seções de consultórios sentimentais. Nos últimos anos de vida, escrevia três crônicas diárias (uma sobre costumes, outra de esportes e a terceira de confissões). Como dizia, trabalhava mais do que remador de Ben Hur (o filme). O baú da produção jornalística de Nelson parece infinito. E Sônia Rodrigues, filha do escritor, acaba de revelar uma preciosa coletânea de inéditos sob o título de Nelson Rodrigues por ele mesmo (editora Nova Fronteira).


Sônia esteve de passagem por Brasília para realizar uma palestra durante a Semana de Comunicação do UniCeub. O livro é uma colagem de entrevistas e depoimentos inéditos de Nelson, organizados por temas, da infância ao cinema nacional, do teatro ao ofício no jornal, da esquerda à direita, de Millôr Fernandes a Jaguar. Sônia faz uma varredura pelos arquivos dos jornais, desde 1999, e alimenta o portal nelsonrodrigues.com.br. Doutora em literatura, ela patrocina o projeto com o dinheiro ganho em um projeto de educação a distância. ;Meu pai era um escritor de jornal que escrevia em vários veículos ao mesmo tempo;, comenta. ;Ele dizia que era um narcisista muito relapso na administração do próprio talento. Esse livro é uma tentativa de organizar o pensamento dele sobre a própria obra. O importante é resgatar o que ele dizia.;