Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Altamiro Carrilho faz show com músicos brasilienses no Clube do Choro


Requisitadíssimo, a partir da década de 1970, para tocar com cantores da MPB, em discos e shows, o flautista Altamiro Carrilho participou, como solista, de concertos de orquestras sinfônicas. Da discografia de Altamiro constam dois álbuns denominados Clássicos em choro, com versões de sua autoria para peças eruditas escritas por Bach, Beethoven, Mozart e Tchaikovski, pelos quais recebeu prêmios. Ele foi agraciado, também, com a comenda da Ordem do Mérito Cultural e o título de cidadão carioca.

Fluminense de Santo Antônio de Pádua, aos cinco anos Altamiro já tirava som de um flauta de bambu, feita por ele. Aos 11, passou a integrar a Lira Árion, bandinha de sua cidade. Em 1940 mudou-se com a família para Niterói, onde trabalhava numa farmácia e estudava música com Joaquim Fernandes, flautista amador e grande incentivador. "Quando eu tinha 17 anos, o Moreira da Silva foi fazer um show no parque de diversões de Niterói. Como o Benedito Lacerda não pode tocar com ele, me convidaram para substituí-lo. O passo seguinte foi participar da gravação de um 78 rpm do Moreira, na Odeon,Foi meu batismo de fogo", recorda-se.

Entusiasmado, o cantor o apresentou a outros artistas e logo, o flautista passou a acompanhar estrelas do rádio Ademilde Fonseca, Emilinha Borba, Marlene e a dupla Tonico & Tinoco. "Embora não fosse contratado de emissoras de rádio, passei a integrar orquestras como as de Dante Santoro e Benedito Lacerda. Em 1949, gravei meu primeiro disco, o Flauteando na chacrinha, e no ano seguinte formei meu primeiro conjunto. A partir dali segui em frente numa carreira de mais de 60 anos", comemora.



Músicos falam do valor de Altamiro Carrilho
Dolores Tomé, Sérgio Morais e Bené da Flauta, que participarão do show de Altamiro Carrilho, pelo projeto Meu caro amigo Chico Buarque. Eles deixam claro que foram influenciados pelo mestre, quando decidiram tocar flauta. Os três estão na maior expectativa em dividir o palco do Espaço Cultural do Choro, de hoje (9/5) a sexta-feira (11), o que consideram um privilégio.

"Não tenho dúvida que, depois de Pixinguinha, Altamiro Carrilho foi o melhor flautista que ouvi. Ultimamente, tenho voltado aos discos dele e fico impressionada com a técnica que criou para tocar o instrumento. Seria importante que músicos das novas gerações, em especial os que tocam flauta, se detivessem na apreciação da obra que ele construiu ao longo de seis décadas", afirma Dolores, uma das fundadoras do Clube do Choro e professora de música.

Para Sérgio, professor de flauta da Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello, Altamiro é estudado "sistematicamente", por seus alunos. "Todo o repertório de flauta brasileira passou por ele, que em suas gravações, explora ao máximo os recursos, fazendo dela um instrumento versátil. Vai ser uma experiência fascinante, tocar com o mestre pela primeira vez".

Foi Altamiro quem apelidou o brasiliense José Benedito Viana Gomes de Bené da Flauta. Ex-alunos de Odette Ernest Dias no Departamento de Música da UnB, onde obteve graduação, o músico possui doutorado pela UniRio e integra a Orquestra Sinfônica do Espírito Santo. "Conheci Altamiro quando estudei na UniRio o procurei para fazer uma pesquisa. Ele é meu ídolo maior".