Um Ziraldo sensível e de piadas desconcertantes falou as palavras que encerraram a 1; Bienal Brasil, na Esplanada dos Ministérios. O evento atraiu cerca de 250 visitantes em dez dias de debates com escritores (nacionais e de 22 países), visitas de escolas do Distrito Federal e uma movimentação intensa nos quatro pavilhões dedicados a estandes cheios de livros. "Guardem bem a lembrança da minha imagem. Dos caras que chegam aos 80, só dez por cento fazem 90. Se eu durar até 90, vai ter que ter outra festa! 90 anos não é brincadeira, não", avisou o mineiro de Caratinga, mandando beijos para o público que lotou o auditório Nelson Rodrigues. O ilustrador recebeu um Prêmio Brasília de Literatura pelo conjunto da obra.
Antes do discurso alegre do artista gráfico, o microfone passou pelas mãos do coordenador da Bienal, Nilson Rodrigues, e de representantes políticos, como Hamilton Pereira (Secretário de Cultura), Denilson Bento da Costa (Secretário de Educação), Eduardo Cabral (Secretário do ITS, Instituto Terceiro Setor) e Gilberto Carvalho (ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência). "Pela primeira vez, Brasília celebrou seu aniversário em torno do objeto mágico, símbolo de todas as culturas, que é o livro", destacou Pereira.
Diante de uma plateia de adultos e crianças -- muitas delas do coro Primo Canto, da Escola de Música de Brasília, que abriu a noite --, Ziraldo brincou ao falar do que as professoras (as "tias") andam ensinando, segundo ele equivocadamente, aos estudantes. "Vamos parar de ensinar gramática. Não há a menor hipótese de uma criança de 10, 12 anos compreender um objeto que não seja palpável. Pra que o menino tem que saber o que é objeto direto e indireto?", disse. "Ler é mais importante que estudar."