Apesar de compartilharem visões políticas semelhantes, os dois escritores navegam em mares literários diferentes. Mello está sempre muito atento à produção latino-americana contemporânea e dialoga com o engajamento nas questões políticas e ambientais. Cony, ex-seminarista, confessa se sentir mais conectado com o Ovídio, da Roma Antiga, do que com Pablo Neruda. O engajamento não chega a ser tema de romances e o escritor nunca havia pensado em escrever crônicas sobre política até acontecer o golpe militar, em 31 de março de 1964. ;No dia 2 de abril fiz uma crônica contra o golpe;, lembra. ;Escrevi um romance sobre um escritor alienado que só escrevia romances ao estilo Sartre e como ele reagia a um golpe (Pessach: a travessia, 1967), mas não é um romance político e sim baseado em fatos políticos. Mas como cronista, minha obrigação era participar da situação política;, conta.