Em 1957, a jovem argentina Mercedes Urquiza foi convocada para ciceronear e ser intérprete do fotógrafo sueco ;ke Borglund, de passagem pelo imenso canteiro de obras que, anos depois, se tornaria Brasília. Borglund estava no Brasil por ter ganhado prêmio de fotografia em seu país, o que possibilitou que ele viajasse por algumas localidades na América do Sul. Mercedes o acompanhou pelo cerrado, lhe mostrou os candangos e se embrenhou pela poeira vermelha e pelas edificações que começavam a ser erguidas. ;Eu o ajudei a fazer 800 fotos da construção da cidade, dos personagens e dos pioneiros;, conta. No ano seguinte, o fotógrafo enviou a Mercedes 45 dessas fotos, as quais ela guardou cuidadosamente e expôs em 52 países, contando a história da capital. ;;ke Borglund captou o espírito dessa gente que veio desbravar e construir um novo Brasil;, complementa.
Há dois anos, Mercedes foi à casa de Borglund, na Suécia, à beira do Mar Báltico, e se surpreendeu com o que encontrou: no sótão, estavam fotos de Salvador e do Rio de Janeiro feitas no mesmo ano em que o artista passou por Brasília. ;Tinha que resgatá-las e trazer para o Brasil, senão o material poderia se perder;, ponderou ela. Com Borglund um pouco debilitado pela idade, Urquiza teve ajuda dos filhos dele na cessão do material. São as fotos inéditas das três cidades que compõem a exposição Salvador ; Rio de Janeiro ; Brasília: As 3 Capitais do Brasil em 1957, idealizada por Mercedes e com curadoria do artista plástico Evandro Salles, que abre hoje, às 19h30, no foyer do plenário da Câmara Legislativa do DF.