Quando o pianista israelense Saleem Abboud Ashkar senta-se ao piano para tocar o Concerto n; 1, de Johannes Brahms, sente que uma espécie de choque elétrico percorre a coluna vertebral. ;Meu Deus, estou aqui e vou tocar o n; 1 de Brahms!”, costuma pensar. Aconteceu antes das quatro apresentações da peça que realizou pelo mundo. E vai acontecer de novo hoje à noite, no Teatro Nacional. Ashkar terá a companhia da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) para tocar a obra que considera monumental. ;Não só porque é longa, mas por causa da expressão e do significado da música. É um desafio para o pianista e para a orquestra. Eles têm que seguir um ao outro, é um trabalho concebido como uma sinfonia monumental, mas não se pode perder os detalhes.;
Ashkar conheceu os músicos da OSB na quinta-feira de manhã, quando houve o primeiro ensaio sob a batuta de Roberto Minczuk. Nascido em Nazaré, de origem palestina e nacionalidade israelense, o músico de 35 anos não fica apreensivo diante do pouco tempo para trabalhar com orquestras que não conhece. Na verdade, até se anima. ;É como se a peça ganhasse um frescor a cada nova apresentação. Não sou um pianista que vem e toca o que praticou em casa. Sou muito influenciado pelo momento e pelo ambiente, pelo maestro e pelos músicos;, comenta.