Foram anos de estudo, pesquisa e dedicação intensos, guiada por mestres de todos os cantos do mundo, para que a diretora e dramaturga italiana Alessandra Vannucci voltasse às suas raízes mais profundas. A trajetória como bailarina e as lições cênicas de Eugenio Barba, Dario Fo, Ariane Michnoukine e de seu mentor brasileiro, Augusto Boal, a conduziram a referência primeira de sua cultura natal: Ângelo Beolco, ou Ruzante, seu alter ego de artista, o líder da primeira companhia teatral de que se tem notícia na Itália, possivelmente em toda a Europa. Em 1502, ele escreveu La moscheta, texto que ganhou agora uma adaptação brasileira pelas mãos de Alessandra, batizada de O cozido, de Ruzante, e faz sua estreia nacional no próximo sábado, às 21h, no Teatro Goldoni.
;Dario Fo dizia que o teatro de Ruzante é irresistível porque foi mastigado, digerido e expelido por gerações de atores. É como ter nas mãos a receita da avó: você pode inventar tudo e fazer outra coisa, mas eu sempre admiti meu lado tradicional. Não vou obrigar todo mundo a comer a comida da minha avó, mas acho que ela é uma seleção de séculos de tentativas sobra a comida popular;, destaca a diretora. A comida, por sinal, ocupa não só o título, mas uma posição de destaque. Durante a encenação, os atores farão um cozido de verdade, que será compartilhado com a plateia.