A trajetória pessoal e artística do rapper Baloji é, acima de tudo, um reencontro consigo mesmo. Nascido na República Democrática do Congo, radicado desde a infância na Bélgica, o músico que se apresenta hoje no Teatro dos Bancários ; como parte da programação da Semana da Francofonia ; chegou à vida adulta como fã de hip hop e R americanos. A música de seu país natal, no entanto, para ele era a música dos mais velhos, de seus pais. O reencontro com as raízes congoleses veio depois de um maior contato com a obra de artistas africanos adeptos de hibridismos sonoro, como o camaronense Manu Dibango.
Hotel Impala, seu primeiro álbum, segue uma sonoridade de rap mais tradicional. Kinshasa Succursale, o segundo disco de Baloji (seu nome de batismo, que significa feiticeiro), reflete as influências musicais absorvidas depois de um tempo no Congo.
Foi justamente com essa nova proposta artística que o rapper começou a ganhar reconhecimento fora da Bélgica. Na semana passada, por exemplo, ele e sua banda fizeram uma elogiada apresentação americana, no festival South by Southwest (na cidade texana de Austin). "Dizem que para ser internacional é preciso cantar em inglês, por isso, não imaginei que conseguiria uma resposta de público tão boa. Mas penso que o objetivo de quem faz rap em outros idiomas é justamente dar uma nova identidade a essa música", contou em entrevista ao Correio.
Depois de Brasília, Baloji passará por mais 11 cidades brasileiras. Ano passado, ele esteve no Rio de Janeiro. "Percebo um paralelo cultural entre Brasil e Congo. Nossas músicas são diferentes, mas enxergo várias similaridades, especialmente rítmicas", comenta este fã de Seu Jorge e Maria Gadú.
BALOJI
Hoje, às 20h, Teatro dos Bancários (EQS 514/515). Show com o rapper congolense Baloji. Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia). Venda antecipadas na Aliança Francesa (SEPS 707/907) e na bilheteria do teatro. Informações: 3262-7600. Classificação indicativa livre.