Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Carlos Drummond de Andrade tem 50 livros relançados em edições minuciosas

Em Procura da poesia, uma das obras mais admiradas da literatura brasileira do século 20, Carlos Drummond de Andrade convida o leitor a contemplar as mil faces secretas das palavras. ;Lá estão os poemas que esperam ser escritos;, avisa. Algo semelhante pode ser dito sobre a bibliografia do autor mineiro: por muito tempo, o leitor brasileiro subestimou as facetas menos conhecidas de um escritor que, enquanto publicava obras-primas em verso, exercitava a prosa em contos e crônicas que revelavam um observador arguto das transformações sociais brasileiras. É esse tesouro que se torna mais visível com os primeiros relançamentos do arquivo ;drummondiano;, agora pela Companhia das Letras.

A coletânea Contos de aprendiz (1951) e a reunião de crônicas Fala, amendoeira (1957) se juntam aos poemas indispensáveis de A rosa do povo (1945) e Claro enigma (1951) na primeira etapa de um projeto editorial a que não falta ambição. Quatro meses depois do lançamento do ;Dia D;, que iniciou uma série de tributos organizados pelo Instituto Moreira Salles, começam a chegar às livrarias versões elegantes e padronizadas do vasto ;espólio; do mestre. Morto em 1987, ele foi escolhido pela organização da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) como o homenageado principal de 2012, quando completaria 110 anos.