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Diversão e Arte

Hollywood celebra cinema de anos atrás com 'O Artista' e 'Hugo Cabret'

Nem parece que foi há apenas dois anos que Guerra ao terror, um drama de pulso jornalístico sobre o cotidiano de soldados na Guerra do Iraque, desbancou a superprodução Avatar na corrida pelo Oscar de melhor filme. Na época, a mídia norte-americana tratou de anunciar mudanças no perfil da premiação mais tradicional da indústria do cinema: a cerimônia, na análise dos especialistas, teria se atualizado para incluir produções urgentes, sobre temas atuais. Alguns dos títulos premiados anteriormente, como Onde os fracos não têm vez (2007) e Crash ; No limite (2004), pareciam confirmar essa tendência. Eles não conseguiram prever, no entanto, que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas mudaria radicalmente de figurino e chegaria a 2012 com um desejo escancarado por celebrar o passado.

Os dois concorrentes principais à estatueta de melhor filme retornam a uma época em que o cinema falado ainda era uma novidade e o público ainda parecia inocentemente seduzido pela ;fábrica de sonhos; dos grandes estúdios. No francês O artista, com 10 indicações, o martírio de um ator hollywoodiano de filmes silenciosos é narrado à imagem de produções rodadas na década de 1920: em preto e branco, sem diálogos sonoros e com um acompanhamento musical que simula as peças que eram interpretadas por músicos durante as sessões. Já o norte-americano A invenção de Hugo Cabret, que tem 11 chances de vitória, vai à França para rememorar os primeiros episódios da criação do cinema, numa homenagem a autores pioneiros, como Georges Méli;s e os irmãos Lumi;re.

O mergulho no túnel do tempo é uma característica que une os dois filmes, que também estão entre os preferidos da crítica norte-americana. A diferença principal é que, enquanto O artista simula a aparência de um filme mudo, A invenção de Hugo Cabret usa a técnica do cinema 3D como forma de despertar no público uma sensação de deslumbramento equivalente àquela provocada pelos primeiros filmes, que provocaram espanto nas plateias do início do século 20 ao reproduzir cenas corriqueiras, como a chegada de um trem a uma estação. Não é à toa que Hugo, o herói do longa dirigido por Martin Scorsese (Taxi driver e Touro indomável), vive numa estação ferroviária francesa, nos anos 1930.

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