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Diversão e Arte

Vencedora do Pulitzer, 'A visita cruel do tempo' ganha edição brasileira

Não dá para comparar a leitura de um capítulo com a audição de uma faixa. Muito menos a totalidade de um livro com a de um disco. Mas A visita cruel do tempo (Intrínseca), ficção de Jennifer Egan vencedora do último Pulitzer, simula sensações e experiências fornecidas pelas duas linguagens: tem a gana de uma canção punk e o exame de consciência de um relato sobre a memória humana. Não por acaso, a autora espalha seus personagens, todos eles de alguma forma movidos e influenciados pela música, num romance multifocal. O trabalho já é pretendido pelo canal a cabo HBO para um seriado de tevê.

O protagonista, Bennie Salazar, é proprietário do selo Sow;s Ear Records, um gigante da indústria fonográfica sediado em Nova York. Mas sente-se como traidor do seu passado, habitado por bandas como Dead Kennedys, The Sleepers e outros ferozes grupos punk do oeste. Ele próprio foi integrante de um conjunto, The Flaming Dildos, quando vivia na San Francisco do fim dos anos 1970. Hoje, investe em apostas como o duo Stop/Go ; nada a ver com a real Ok Go, formada em Chicago, terra natal da escritora e jornalista ;, enquanto mal consegue reviver um histórico de brilho e sucesso, especialmente ao ajudar a construir o nome dos Conduits. O bandleader, Bosco, dizem, era mais vibrante que Iggy Pop.

Num rigoroso trecho, Jennifer diz que ele (Bennie) levantava cedinho todos os dias para ;produzir canções que as pessoas amassem, comprassem e baixassem (e pirateassem, claro) como toques de celular;. Em 20 e poucos anos ; os acontecimentos vão até um futuro próximo ;, restou a Bennie um catálogo gasto de lembranças boas e ruins. E ele parece viver para regurgitá-las. Este é apenas um dos muitos sujeitos que povoam as páginas do livro.

Confira reportagem completa e na edição deste sábado (18/02) do Correio Braziliense.