A safra de adaptações, para 2012, será positiva, de acordo com Carolina Benjamin, diretora do Festival Adaptação. Antes, logo com o surgimento do cinema, os livros imprimiam um ;selo de qualidade; aos filmes. Hoje, ;se as adaptações literárias permanecem em voga; É porque a literatura também aprendeu com o cinema e continua sendo uma boa fonte de inspiração para os cineastas;.
Apesar de os romances serem a fonte principal, Milton Hatoum não acredita em uma transposição literal, o que espera é ;que eles captem com imagens a essência dos romances;, em um processo de ;transcriação;. Ele adota esse termo, pois a palavra adaptação lhe parece limitada e falha, uma vez que a passagem das letras para as câmeras é a criação de uma nova linguagem.
Já Guilherme atribui aos livros maior liberdade para criar linhas temporais. E explica que o cinema só tem algumas horas para causar sensações, diferentemente, das histórias que passam dias e dias nas mãos do leitor. ;É claro, a literatura é algo intransponível. Os jogos com a língua portuguesa, o ritmo das frases, a arrumação do texto, isso não se transpõe. Mas tem que se inspirar na arte do escritor para tentar transpor o impacto disso ao espectador;. Ou seja, criar o ;o clima, o universo, o sentimento que o livro constrói;.
Outro elemento desafiador, na hora transformar livro em coisa de cinema, ;é transcrever em imagens passagens magníficas do livro sem recorrer à palavra;, de acordo com a experiência de Marcelo Gomes. Por isso, elementos como trilha sonora, fotografia e direção de arte são essenciais. ;A construção da ideia é guiada pelas emoções e sensações. Esse é o cinema que me interessa. Se é essencial e tocante, essa avaliação fica para o espectador. Da minha parte digo que é construído com muita verdade.;
Entre rios e cidades dos estados do Amazonas e Pará, Marcelo Gomes, Guilherme, Milton e membros da equipe técnica viajaram a fim de conhecer as paisagens, onde as tramas ocorrem. Apesar de tê-los acompanhado nesta jornada, o pai das obras diz que sua participação se dá na hora de esclarecer a psicologia das personagens e ler os roteiros. Tanto o escritor como a corroteirista dos filmes, Maria Camargo, apontam a roteirização como uma primeira parte importante. ;Geralmente, para você ser fiel ao espírito de uma cena ou do livro como um todo, é preciso fazer outra coisa. E não se apegar por determinadas cenas, pois elas podem não funcionar nas telas, explica Maria. Para Hatoum, os leitores também devem deixar esse apego ao livro e viajar nas imagens sem criar comparações. ;Eu, por exemplo, jamais faria isso (comparar) em Morte em Veneza, dirigido pelo Visconti, acho o filme belíssimo e nem comparo com o livro de Thomas Mann;.