Publicado pela primeira vez em 1929, Tintim se tornou um dos mais queridos personagem das histórias em quadrinhos franco-belgas, as chamadas bande dessinée (ou BD). Na Bélgica, terra natal do herói, Tintim é um símbolo nacional. Em diversos países onde a criação máxima do cartunista Hergé (1907-1983) foi publicada, Tintim mantém a popularidade com gerações de fãs por conta da republicação periódica de suas histórias e pelas adaptações de suas aventuras para outras mídias ; a animação dirigida por Steven Spielberg, em cartaz no cinema, é a mais recente da lista.
Tintim saltou das páginas para a tela pela primeira vez em 1947, na animação em stop motion e preto e branco O caranguejo das pinças de ouro. Entre 1958 e 1962, a Belvision produziu uma série animada. Na década de 1960, o ator Jean-Pierre Talbot deu vida ao herói nos filmes Tintim e o mistério do caranguejo das pinças de ouro (1961) e Tintim e as laranjas de ouro (1964). Em 1969, foi lançado o longa-metragem de animação Tintim e o templo do sol. A série animada As aventuras de Tintim foi produzida a partir de 1990. O personagem também já foi levado para o rádio, teatro, virou tema de documentáros, videogames e exposto em museus.
Muito do encanto das HQs de Tintim vem da arte de Hergé. O belga é um dos responsáveis por popularizar um estilo de quadrinhos conhecido como linha clara. Sua influência visual pode ser percebida ao longo das décadas em diversos outros autores. Além do traço, a pesquisa para cenários e roteiros é outro selo de qualidade do trabalho de Georges Remi, nome verdadeiro de Hergé (o pseudônimo é uma corruptela da abreviação de seu nome e sobrenome).
Mas é a personalidade dos personagens a grande razão da popularidade e da perenidade de Tintim e seu elenco de coadjuvantes. O protagonista é um abnegado jornalista, sempre disposto a abraçar causas aparentemente impossíveis ; por vezes, mais em nome da amizade do que pelo mero desejo de aventura. Seus amigos formam o núcleo cômico das histórias: Capitão Haddock, com seu temperamento intempestivo e beberrão; os bem-intencionados, mas atrapalhados policiais Dupond e Dupont; o genial (e muitas vezes inconveniente) cientista Professor Girassol e, claro, o fiel fox terrier Milu.
A primeira aparição de Tintim foi em 10 de janeiro de 1929, no Le Petit Vingti;me, suplemento infantil do jornal belga Le XXe Si;cle. Até a publicação de Tintim entre os pícaros, de 1976, o último álbum do personagem realizado por Hergé (algum material seria publicado após a morte do autor), o herói belga viveria não só a consagração popular, mas também se envolveria em algumas controvérsias.
Tintim no Congo ; publicada em partes entre 1930 e 1931 e depois refeita por Hergé em 1946 ;, até hoje gera polêmica. Alguns encaram o trabalho como racista, dado a maneira como os nativos do Congo são representados (como trogloditas), e politicamente incorreto, por mostrar a morte de vários animais selvagens. É inegável a visão colonialista que o autor imprimiu ; o que, no entanto, não foge do contexto da época em que a obra foi feita.
Em suas histórias, Tintim nunca foi visto acompanhado de uma namorada. Para muitos, a opção celibatária do personagem o tornaria automaticamente homossexual. Mais uma vez, cabe contextualizar. Tal qual tantas outras criações dos quadrinhos, Tintim é direcionado ao público infantojuvenil e suas histórias priorizam a aventura ao romance.
No Brasil
Atualmente, no Brasil, Tintim pode ser conferido na tela grande, na telinha e em seu primeiro e primordial formato, o das histórias em quadrinhos. Além do novo filme, o personagem voltou à tevê paga. Na última sexta-feira, o desenho animado As aventuras de Tintim (que foi sucesso nos anos 1990) estreou no Canal Futura. A série será exibida de segunda a sexta, às 11h30. Há alguns anos, a Companhia das Letras republicou todos os 24 álbuns do personagem. Em dezembro, chegou às livrarias (pelo selo de HQs da editora, o Quadrinhos na Cia.) o que reúne os títulos O segredo do Licorne e O tesouro de Rackham, o terrível, justamente duas das três histórias que serviram de base para o roteiro do filme de Spielberg (a terceira é O caranguejo das pinças de ouro).
Tintim não tem uma aventura passada no Brasil. Mas sua aventura no país começa em 1968, quando chegou às nossas bancas a revista semanal Tintin (título grafado com ;n; no fim, como no original em francês), que, além da criação de Hergé, apresentava (divididas em partes) histórias de outros famosos personagens das BDs, como Asterix e Lucky Luke.
Desde então, os álbuns do personagem passaram por algumas editoras e ganharam diversas republicações. A popularidade de Tintim no Brasil fez com que quase sempre fosse possível encontrar, se não todos, vários dos episódios da série nas livrarias.
As aventuras de Tintim: O segredo do Licorne e O tesouro de Rackham, o terrível
De Hergé. Quadrinhos na Cia. 128 páginas. R$ 43.
As aventuras de Tintim
De segunda a sexta, às 11h30, no canal pago Futura.