Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Mostra de filmes suecos contemporâneos será apresentada de hoje a domingo


O excesso de reverência ao mais conhecido dos diretores suecos, Ingmar Bergman, talvez funcione como prisão de um autor só. A filmografia contemporâneo daquele país, que será apresentada de hoje a domingo, na mostra De Bergman ao moderno cinema sueco, no Cine Brasília, a primeira organizada pela Embaixada da Suécia, tem o intuito de apresentar títulos mais atuais. A seleção aponta outros caminhos para cinéfilos brasilienses sobre a safra do país escandinavo. ;O critério foi apresentar o tradicional e o moderno. Tivemos o Bergman, que é um nome muito famoso no mundo inteiro, um ícone fora da Europa, mas temos de trabalhar para revelar outros cenários;, explica o adido cultural Pierre Liljefeldt.

Onze longas-metragens serão exibidos em formato DVD ou 35mm sem que exatamente uma linha temática possa ser traçada entre essas obras. ;Muitos filmes, em geral, partem de perguntas básicas sobre a vida. Outros têm dilemas psicológicos ou de gênero;, pontua Liljefeldt. Apesar de a democracia sueca ser considerada uma das mais avançadas e liberais do mundo, a sociedade de lá ainda discute questões bem conhecidas dos brasileiros, como casamento homoafetivo e o papel das mulheres na sociedade. Essas questões, claro, são refletidas também em salas escuras de projeção. ;Acho que os filmes refletem esse olhar que os estrangeiros têm de um país liberal e democrático como é a Suécia. Como em todo lugar, o país tenta se desenvolver mais ainda. Questões como a violência contra a mulher e o casamento gay são abordados em alguns dos longas feitos lá;, examina o adido.

A mostra inclui quatro obras do cineasta Ingmar Bergman (1918-2007), representantes de diferentes fases do diretor. O clássico Morangos silvestres (1957), sobre um velho médico que revive o passado numa viagem de carro pelo país, é um dos títulos mais conhecidos do cineasta e considerado uma obra-prima do cinema mundial. O mesmo pode-se dizer sobre o jogo de xadrez travado entre a morte e um cavaleiro do século 14 durante a peste negra, valendo a vida do participante de O sétimo selo (1957). A fonte da donzela (1960) e Gritos e sussurros (1972) também foram incluídos na programação.

O que assistir

Metropia (2009)

; De Tarik Saleh. Essa ficção científica feita em animação faz da Europa um cenário sufocante e sofrido por conta da escassez de recursos naturais. Um dos habitantes desse continente interligado por túneis do metrô rebela-se contra o controle excessivo das grandes corporações. Com vozes de Vincent Gallo e Juliette Lewis. Hoje, às 21h30.

Deixe ela entrar (2008)

; De Tomas Alfredsson. O que parece ser uma crônica soturna sobre adolescentes deslocados revela-se uma fantasia vampiresca com discussão sobre imortalidade e transitoriedade da vida. O filme ganhou uma refilmagem norte-americana que recebeu o título de Deixe-me entrar, dirigida por Matt Reeves, em 2010. Sábado, às 19h30.

Os homens que não amavam as mulheres (2009)

; De Niels Arden Oplev. O filme ficou muito conhecido pelo título em inglês que nada tem a ver com o nome recebido no Brasil, The girl with the dragon tattoo. Com a ajuda de uma hacker, um investigador consegue associar o desaparecimento de uma mulher acontecido há 40 anos com outros crimes contra mulheres. Sábado, às 21h30.

Patrick, idade 1.5 (2008)
; De Ella Lemhagen. Essa comédia leve discute um dos temas mais controversos atualmente. Um casal gay adota uma criança pensando que teriam um bebê de 15 meses para cuidar. A surpresa é descobrir que, na verdade, a ;criança; é um garoto de 15 anos, homofóbico e cheio de problemas com a polícia. Domingo, às 19h30.

Vocês, os vivos (2009)
; De Roy Andersson. Ótima comédia dramática com pretensões nada pequenas: ;Um filme sobre a humanidade, sua grandeza e sua baixeza, alegria e tristeza, autoconfiança e ansiedade, o desejo de amar e ser amado;. Tudo isso entregue em poucas linhas da sinopse. Domingo, às 21h30.

De Bergman ao moderno cinema Sueco

De hoje a domingo, no Cine Brasília (106/107 Sul;
3244-1660). Sessões às 17h30, 19h30 e 21h30. Entrada
franca. Não recomendado para menores de 12 anos.