Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Restart faz a garotada sair do chão no show de lançamento do CD Geração Z


;Mãe, o Pê Lanza me deu o MSN dele, e me pediu para não passar para ninguém;, comemorava uma menina, aos gritos, na saída do show da banda Restart. Ela engrossava o coro das adolescentes que foram ao ginásio do Colégio Notre Dame, na Asa Sul, no último sábado, carregando cartazes, faixas e balões coloridos. Os presentes, que não eram mais de 600, não perdiam a chance de gritar até quando a equipe de montagem de palco entrava em cena para testar os equipamentos. A reação diante de Lanza e seus companheiros Pê Lu, Thomas e Koba remete aos tempos mais frenéticos da Beatlemania, mas com os requintes consumistas da pós-modernidade.

Inspirados nessa onda tecnológica e nos gostos da própria geração a que pertencem, os garotos de São Paulo vieram à cidade lançar o álbum Geração Z. ;Essa geração foi descrita como sempre conectada. A multimídia nova e as características têm tudo a ver com o mundo em que a gente vive;, afirma Pê Lu. ;Trouxemos muito material guardado durante esses dois anos em que ficamos sem gravar canções inéditas, uma mescla de composições de nós quatro. São 10 músicas inéditas, e ficou bem a nossa cara;, garante Pê Lanza. A sonoridade mais pesada é reflexo do amadurecimento dos meninos. ;Tudo nos influenciou. Viajamos muito, passamos muito tempo longe dos pais e demos um grande passo;, afirma Thomas, o baterista. Viagens continuam na ordem do dia. ;O plano para 2012 é continuar com a turnê do disco;, reforça Koba, o guitarrista.


Faixinha colorida na cabeça, camiseta com foto da banda e letras de músicas na ponta da língua, a pequena Maria Paula Pacheco, 7 anos de idade, chorou o tempo todo em que o quarteto de São Paulo esteve no palco. ;Eles são muito gatos. E cantam muito bem!”, entusiasmou-se. A onda do happy rock (denominação criada pela própria banda) conquistou outros adeptos em casa. ;Até já decorei algumas músicas;, admite o pai, o empresário Paulo Pacheco, 31 anos. ;Nunca vi minha filha desse jeito. Ela escreve os nomes deles nas paredes de casa e até nas pernas, com canetinha;, entrega Luciana Almeida, 35 anos, mãe da menina.

Na casa da professora Latife Nemetala, 35 anos, o ritual de idolatria se repete. Para sua filha, Maria Luiza Nemetala, 11 anos, não basta encher a parede do quarto com cartazes e preparar presentinhos para atirar no palco durante a apresentação dos meninos. Segundo a mãe, ela gosta de vestir-se como uma ;restartete;. Leia-se: calça colorida, camisa xadrez e tênis de skatista. ;Já tiva a minha fase, né? No meu tempo, curtia Menudo e RPM. Agora é a vez dela. Essa onda do rock romântico sempre vai existir;, reconhece a mãe.


Atitude
A sedução coletiva é uma das armas dos meninos para manter a histeria da plateia em nível incontido. Ao saudar os fãs, Pê Lanza, vocalista e baixista da banda, manda ;um abraço para os moleques e um beijo na boca de todas as meninas;.

Em um momento já tradicional, Pê Lu levou uma das meninas para o palco e fez uma serenata para ela, no melhor estilo olhos nos olhos. Lanza, que divide com ele a preferência das garotas, surpreende a menina com carinhos nos cabelos dela. O contraponto é dado pela atitude rock;n; roll. No palco, muitos riffs de guitarra, saltos acrobáticos, solos de bateria e faíscas, que, num final apoteótico, saíram como uma chuva dourada de dentro dos braços das guitarras.

Enquanto a meninada ensandecida curtia os cerca de 90 minutos de show, alguns pais aproveitaram para botar a boca no trombone. Mãe de duas tietes da banda, uma empresária que preferiu não se identificar, criticou: ;Eles cobram R$ 120 para receber fãs no camarim. Podem e devem ganhar dinheiro, mas de uma forma mais honesta;, reclamou. Vários fãs confirmaram o pagamento da taxa extra, que dá direito ao encontro com os músicos, ritual que a produção chama de meeting, comum nos Estados Unidos. A performance, que envolvia abdomens à mostra e cuecas aparentes, também foi motivo de polêmica. ;Coloca aí que o Pê Lanza está quase pelado e esse show está cheio de crianças;, protestava um grupo de adultos que acompanhavam os filhos. No universo das boy bands, a polêmica, definitivamente, é um dos ingredientes mais constantes.