Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Projeto Ocupação Cássia Eller encerra o ano com concertos

Durante todo o ano, o projeto Ocupação Sala Cássia Eller, da Funarte, reservou o palco para artistas cujas carreiras começam a despontar na cidade. Ontem, Anderson Lira, um dos idealizadores do projeto, se deu conta de que a última ocupação funcionaria como um arremate. Brasília, minha música encerra o projeto a partir desta quinta-feira (1/12) com um time de compositores assentados em histórias pessoais visceralmente entrelaçadas com Brasília e se estende até a segunda quinzena de dezembro. ;Fizemos um recorte muito mais da velha guarda do que de nomes mais recentes;, constata Lira.

A programação começa com o uruguaio Conrado Silva. Radicado no Brasil desde 1969 e ex-professor da Universidade de Brasília (UnB), o compositor vai executar uma partitura escrita para rádios. Música para 10 rádios portáteis consiste em sintonizar aparelhos em estações diferentes e manipular os sintonizadores de acordo com as indicações técnicas da partitura. Amanhã é a vez do Quarteto Radamés Gnattali, único da programação a vir de fora de Brasília. Lira optou pelos cariocas porque são especialistas nas músicas de Claudio Santoro. Na Funarte, eles tocam o Quarteto n;3 e Quarteto n;4, compostos pelo maestro que fundou a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional. ;Queríamos mostrar a criação de pessoas que moraram ou moram na cidade;, explica Lira.

O panorama proposto é diversificado, assim como o foram as levas de brasileiros que desembarcaram na capital desde sua inauguração. A música eletroacústica, além de Conrado, terá a batuta de Jorge Antunes, pioneiro do gênero no Brasil e também ex-professor da UnB. O maestro conta com a presença do Grupo de Experimentação Musical da UnB (GeMUnB) para transformar em sons uma das seis cartas de recusa de projetos apresentados ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). O texto está devidamente musicado, à maneira de Antunes.

O repertório tem ainda obras que resumem a trajetória do compositor. ;Fiz uma seleção de peças que geraram polêmicas, que desafiaram o sistema e ironizaram o conservadorismo;, avisa. A mais recente, Polimaxixenia sideral, de 2009, usa sons de clarineta, piano e violino filtrados pelo computador e transformados em sons eletrônicos. Em Autorretrato sobre paisagem portenha e Três impressões cancioneirígenas o alvo são a repressão da ditadura e a canção tradicional, ironizados em canções escritas pelo maestro.

A música caipira foi confiada a Roberto Corrêa, que fez uma visita ao passado para montar o repertório com músicas como Coração verde cavalo, parceria com o poeta Fernando Mendes Viana, Pagode em Brasília (Teddy Vieira e Lourival dos Santos) e Forrozal, de Marco Pereira, com quem se aperfeiçoou no violão quando estudava na UnB. ;Esse projeto mostra a diversidade musical que Brasília apresenta. É uma cidade que produz música de qualidade e de vários estilos. Aqui tem desde música caipira até eletroacústica.; Também tem jazz, garantido por Renato Vasconcellos e música popular com Rênio Quintas e a suíte-homenagem Brasília. ;Construí como se fosse a cidade. Na minha cabeça é uma analogia com a construção, com as referências de Brasília;, avisa o compositor.


Programe-se

; Sexta, às 20h,
Quarteto Radamés Gnattali.
; Quinta, 8/12, Rênio Quintas
; Sexta, 9/12, Renato Vasconcellos
; Quinta, 15/12, Roberto Corrêa
; Sexta, 16/12, Jorge Antunes

Projeto Ocupação Sala Cássia Eller ; Brasília, minha música

Conrado Silva. Hoje, às 20h, na Sala Cássia Eller (Funarte). R$ 10 e R$ 5 (meia).